Ela não quer nem ouvir falar em disputa entre desenvolvimentistas e monetaristas dentro do governo. Três dias depois de atrair todos os holofotes para suas tarefas, com a divulgação do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, disse ontem, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, que não pretende ser a mulher forte do Palácio do Planalto. ?Não existe a era Dilma?, afirmou ela. ?Não há um Rasputin atrás do presidente?, completou numa referência ao monge Grigori Rasputin, conselheiro da família imperial russa e um dos personagens mais enigmáticos do período que antecedeu a revolução de 1917
Antecessor de Dilma no cargo, o ex-chefe da Casa Civil José Dirceu – que ontem pediu em seu blog a queda do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles – era conhecido como ?Rasputin? do Planalto. Ela, por sua vez, jura não ter ambições para a sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2010. Mais: no seu diagnóstico, o rótulo de superministra é uma tentativa de desqualificá-la.
Dilma amenizou as críticas ao PAC, feitas em coro por empresários, governadores, sindicalistas e oposição. ?O PAC não é um pactóide, não é um raio num céu azul?, disse, numa alusão ao termo ?factóide?, fato sem conteúdo divulgado apenas para causar impacto. A ministra deu uma estocada no governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso ao observar que, para montar o plano com o qual Lula pretende marcar o segundo mandato ?não foi contratada uma consultoria estrangeira para fazer um processo de privatização ou um programa de ação?.
A ministra admitiu também que o governo precisará ?costurar acordos? no Congresso. No seu diagnóstico, o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), tem o direito de criticar o plano, porque é um dos economistas ?mais brilhantes do País?. Observou, no entanto, que é ?extremamente acadêmico? discutir se o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) acima de 4% deve ser premissa ou resultado.