"Nós, do governo, nada temos a ver com isso", afirmou a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, ao comentar o escândalo da montagem, por petistas, de um dossiê para envolver candidatos do PSDB na máfia das ambulâncias superfaturadas. A ministra disse que cabe agora à Polícia Federal concluir, de forma isenta, as investigações.
Em entrevista ao sair de almoço na residência do ministro das Comunicações, Hélio Costa, Dilma abordou temas da campanha eleitoral e afirmou que os ministros do governo Lula têm o mesmo direito, nos horários de folga, que tiveram em 1998 os ministros do então presidente, Fernando Henrique Cardoso, de participar da campanha pela reeleição. "Quero saber por que só na nossa vez não pode", questionou.
No almoço, vários ministros discutiram formas de participação na campanha de Lula. Sobre o dossiê, a ministra anunciou: "Estou defendendo medidas mais drásticas possíveis (de investigação), pois isso é fundamental para preservar o Partido dos Trabalhadores", afirmou a ministra. Ela afirmou que o PT tem "um grande mérito" na democracia brasileira, que é ser um partido de militantes. "Pode haver erros de seus componentes, mas isso não significa que o partido está morto. Eu acredito que o PT não pode conviver com práticas desse tipo (montagem do dossiê), pois não é tradição do partido."
Sobre a permanência ou não do deputado Ricardo Berzoini (SP) na presidência do PT depois de ter deixado a coordenação da campanha de Lula sob suspeita de envolvimento no episódio e também sobre a suposta participação do ex-candidato do PT ao governo paulista Aloizio Mercadante, Dilma Rousseff respondeu: "Não posso fazer uma avaliação. Seria de uma leviandade muito grande.
Dilma ainda atacou o PSDB. Disse que não foi no governo Lula que a imprensa chamou o procurador-geral da República de "engavetador-geral da República." Ela se referia a Geraldo Brindeiro, que ocupou o cargo de procurador-geral durante os oito anos de mandato do presidente Fernando Henrique Cardoso. "Tanto as irregularidades do governo Fernando Henrique quanto as CPIs do governo Geraldo Alckmin (em São Paulo) restaram não investigadas. A grande característica do nosso governo é não encobrir", declarou Dilma. A ministra afirmou que o PSDB tem "a grande responsabilidade de explicar" por que todos as denúncias de irregularidades feitas no governo passado não resultaram em punições aos acusados.