O prefeito paulistano, tucano José Serra, há poucos dias queixou-se do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico, dizendo que não entendia por que se negava a financiar uma nova linha de metrô para São Paulo. O governo Lula conseguiu ver aprovada no Congresso a legislação que cria as PPPs, Parcerias Público-Privadas, e acaba de criar uma comissão para geri-las. As PPPs deverão ser associações entre o nosso governo, via BNDES e outras agências governamentais e a iniciativa privada, para financiar obras de infra-estrutura econômica no Brasil. Sozinho, o governo não tem dinheiro para bancar tão elevada conta, que inclui construção e recuperação de estradas, ferrovias, hidrovias, construção de usinas hidrelétricas e modernização de portos, entre outros caríssimos e necessários projetos desenvolvimentistas.
Este é um país sem suficientes recursos e com sobra de carências. Mas o governo tem razões que a própria razão desconhece.
A administração Lula desenvolve uma agressiva política que visa fortalecer o Mercosul e também aglutinar países do chamado terceiro mundo de forma a contrapor à influência dos Estados Unidos no mercado mundial uma força que seja respeitada e competitiva, evitando imposições do grande país do norte.
O governo brasileiro decidiu cofinanciar uma ampliação, no valor de US$ 320 milhões, de um gasoduto na Argentina, para aliviar a crise energética no país vizinho. O dinheiro será parte de uma verba de US$ 2 bilhões que o Brasil está destinando a projetos de infra-estrutura regional.
Lula sai da retórica e começa a colocar peso financeiro na sua política externa, para construir um bloco econômico regional que contrabalance a hegemonia dos Estados Unidos na região. O orçamento do BNDES é de US$ 23 bilhões para este ano. Brasília pretende financiar 33 projetos no exterior, como se comprometeu no lançamento da união sul-americana em Cuzco, Peru. A Venezuela terá US$ 825 para usinas hidrelétricas e ampliação do metrô de Caracas. Uma ponte no Rio Orenoco será construída com dinheiro brasileiro. O Equador terá US$ 532 milhões para projetos de estradas e aeroportos. Como política externa, essas aplicações são corretas e uma tática bem compreensível. O que não se entende é como o Brasil vai financiar lá fora, se aqui dentro não o faz, sob o argumento de que não tem dinheiro. E necessidades estão sobrando.