A distância que separa hoje os candidatos Luiz Inácio Lula da Silva e Geraldo Alckmin, para usar a linguagem usual da narração das corridas dos bólidos da Fórmula 1, é visual. Ou seja, Lula enxerga pelo retrovisor a perigosa aproximação do contendor que pilota máquina quase tão poderosa quanto a sua, em condições de atropelar a carreira e tornar obrigatória a segunda bateria, nesse caso, o segundo turno.
A essa altura, pormenor a ser considerado com todo o cuidado pela equipe lulista é o excelente desempenho do arrojado piloto da escuderia PSOL, senadora Heloísa Helena, que segundo o último boletim divulgado pelo instituto Datafolha aumentou a velocidade de seu pique de 6% para 10% e, por outro lado, ao forçar o tucano a intensificar o vôo contribuirá para, a cada volta, reduzir ainda mais a diferença inicial do dianteiro.
Um tema que os cientistas políticos devem escrutinar com afinco daqui em diante, pois é possível conjecturar que a irrecusável manifestação de setores politizados representada na opção de votar em Heloísa Helena é determinada pela enorme decepção com os desacertos da brigada que transformou o PT num esquizofrênico decalque dos partidos sempre condenados ao inferno dantesco.
A ironia é que os partidos antes espinafrados pelos inquisidores do lulo-petismo, no afã da construção de uma base de sustentação política, passaram a integrar a fragorosa aliança PT-PTB-PP e PL, cujas fronteiras sempre foram rondadas pelo PMDB governista. Com a devastação causada pela CPMI dos Correios, estatal agora apoderada pelo estrato peemedebista sempre atento às sobras das comezainas, a tal base aliada acabou pousando nas copiosas listas de parlamentares envolvidos nos escândalos do mensalão e da máfia dos sanguessugas. Não há dúvida que essa é a leitura esclarecida de vários milhões de cidadãos com direito a voto.
O instituto Datafolha também mostrou na última pesquisa o banho de Alckmin em Lula na região sul, onde vivem e trabalham eleitores escolarizados, de maior renda mensal e apurado senso de discernimento das intercorrências do mundo político. Haverá surpresas?