O diretor do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese), Clemente Ganz Lúcio, estimou hoje que a taxa de desemprego na região metropolitana de São Paulo continuará em queda até o fim do ano, por conta do movimento de contratações temporárias, características nesse período do ano. O que preocupa, segundo ele, é a trajetória do rendimento da massa salarial, que não vem acompanhando o mesmo ritmo de contratações.
Lúcio lembrou que é normal o aumento na taxa de desemprego no início do ano, mas que o grande indicador de sustentação do crescimento econômico será o comportamento da indústria "porque é ele que gera depois o crescimento do emprego nos demais setores e, principalmente, o comportamento do rendimento, seja do assalariado ou do autonômo, pois a reativação do mercado interno depende em grande medida da capacidade de consumo".
Em outubro, a indústria foi o único setor que fechou postos de trabalho, 12 mil, o que representa uma queda de 0,8% em relação ao mês anterior. Nos 12 meses encerrados em outubro, o setor ainda indica saldo positivo de 124 mil vagas, alta de 8,6%. Nesse período aumentaram as contratações de assalariados com e sem carteira assinada e diminuiu o número de autônomos.
A queda no ritmo de admissões, em setembro, está associada ao mal desempenho dos setores de química e de borracha (-4,5%) e de metal-mecânica (-3,8%), seguida por Vestuário e Têxtil (- 1,5%). No mesmo período, estavam em alta de 6,3% as contratações nas indústrias de Alimentação e 4,3% em Gráfica e Papel.
Quanto à renda, houve queda de 1,6% na média do rendimento dos ocupados, em setembro, com ganho mensal de R$ 990,00. Mas mantiveram-se em alta de 0,4% os vencimentos dos assalariados que estavam recebendo em média R$ 1.059,00. Comparando-se a igual período de 2003, o rendimento dos ocupados ficou 1,4% acima do recebido no ano passado e o dos assalariados 1,2%.
