São Paulo – A taxa de desemprego na região metropolitana de São Paulo atingiu, em novembro, o menor nível desde 2001. Apesar da boa notícia, o rendimento médio mensal dos trabalhadores alcançou em novembro um dos menores níveis desde o início da Pesquisa de Emprego e Desemprego, realizada pela Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade) e pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese).
De acordo com a pesquisa, divulgada na manhã de hoje (20), estima-se que o rendimento médio mensal caiu 1,5% no mês de outubro em relação a setembro. De acordo com o Seade/Dieese, os trabalhadores tiveram em outubro rendimento menor do que no mesmo mês do ano passado, com queda de 1,2% para os ocupados e de 1,5% para os assalariados. A renda dos assalariados ficou em R$ 1.138, enquanto a dos ocupados atingiu R$ 1.062.
Segundo o diretor-técnico do Dieese, Clemente Ganz Lúcio, trata-se de um dos menores valores já registrados na Grande São Paulo. "Esse rendimento médio está no fundo do poço. Estamos com os menores valores na história da pesquisa. De fato, o rendimento tem tido dificuldade de recuperação, por um lado, porque o desemprego é muito alto – mais de 1,6 milhão de pessoas desempregadas – e, por outro, pelo fato de 2005 ter apresentado crescimento econômico aquém do esperado ou daquilo que nós tivemos em 2004", afirmou Ganz Lúcio.
Para ele, a queda de rendimento em outubro deve-se ao aumento da inflação no mês, que diminui o poder de compra do trabalhador, e ao crescimento do trabalho sem carteira assinada.
Ainda não há uma projeção sobre o comportamento do rendimento médio nos próximos meses. De acordo com Ganz Lúcio, isso dependerá do crescimento econômico no ano que vem. "É muito difícil termos qualquer expectativa de incremento da renda, se não tivermos de fato um rigoroso processo de crescimento econômico", disse ele.
"O rendimento se recuperará na medida em que tivermos crescimento econômico continuado, incremento permanente de novas ocupações, portanto, diminuição estrutural na taxa de desemprego, e que os sindicatos possam de forma continuada atuar na negociação e, conseqüentemente, ma recuperação de perdas salariais e na busca de aumentos salariais", concluiu.