Brasília – O alcoolismo entre a população indígena é um problema que tem preocupado as lideranças. O tema foi discutido há poucos dias durante a mobilização do Abril Indígena, em Brasília, que contou com a participação de mais de 100 etnias. A questão também será tratada pela Política Nacional sobre o Álcool, que está sob análise da Casa Civil e deve ser assinada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva na próxima semana.
A proposta, articulada pela Secretaria Nacional Antidrogas (Senad), prevê a capacitação de lideranças para identificar o uso excessivo da bebida nas aldeias e auxiliar no tratamento de dependentes. Conforme explicou a diretora de Prevenção e Tratamento da Senad, Paulina Duarte, a capacitação será ministrada por técnicos da Fundação Nacional do Índio (Funai) nos estados que já foram treinados para repassar o conhecimento aos indígenas.
As técnicas, segundo ela, são simples e permitirão a identificação de padrões de consumo que excedem "o limite social". "Existem técnicas de internação breve com que as lideranças poderão abordar uma pessoa e a fazer refletir sobre o uso da bebida. Se necessário, podem sugerir e faê-la entender a importância da orientação específica", esclareceu Duarte.
Ainda segundo a diretora Senad, a internação nem sempre é necessária e o ideal "é que os índios sejam encaminhados à redes de atendimento municipais" como ambulatório e postos de saúde. A diretora da Senad informa que durante a publicação do decreto com a Política Nacional sobre o Álcool, na próxima semana, será divulgada uma pesquisa com estatísticas sobre o consumo de álcool em aldeias de mais de 11 etnias de todo o país.
Além de capacitação de indígenas, o programa também prevê treinamento para lideranças em assentamentos da reforma agrária. A Política Nacional sobre o Álcool contém um conjunto de medidas para prevenir o uso abusivo de bebidas alcoólicas e reduzir a violência.