Para desvendar a personalidade de alguém em especial, basta conhecer sua casa. Há pistas entre detalhes da decoração – ou na falta deles. O apartamento da chef Danielle Dahoui, nos Jardins, é tão revelador quanto seu restaurante Ruella, no Itaim, na zona sul de São Paulo. Em cada um deles, ela arregaçou as mangas para criar o ambiente que tem a sua marca – descontração, alegria. Sempre com a preocupação de não gastar em excesso. "Procuro peças baratas", diz Danielle. "Decorei o restaurante como se fosse a minha casa e percebi que levava jeito com decoração…".
Danielle vive em um imóvel de 800 metros quadrados. Têm poucos e bons móveis e muito espaço. Nele, a filha Noáh ainda bebê (o pai é o ex-jogador de futebol Raí) perambula à vontade e a chef recebe os amigos com regularidade.
Na casa de uma chef, reunião está sempre relacionada a comida – e das boas. A sua cozinha de área igualmente generosa (90 metros quadrados) tornou-se ponto de encontro. Para tanto, foi preciso promover uma reforma. Danielle optou por soluções simples, mas que deram outra atmosfera ao ambiente.
Clarear a cozinha foi o principal objetivo. O piso branco substituiu o marrom. Os móveis, também escuros, receberam tinta branca – apenas alguns detalhes permanecem originais. É o caso do suporte para vinho e da madeira do balcão, que fica no centro da cozinha e separa a copa. Local onde está a mesa modelo tulipa Saarinen.
Ao redor dela, as cadeiras são de acrílico transparente, modelo Jacobsen, compradas diretamente da fábrica (da Plasxiglas). No centro, o detalhe alegre: a luminária revestida de flores de plástico. Peça criada por Laila – da loja Cheia de Graça, em Trancoso, litoral baiano freqüentado por Danielle há anos. Perto da mesa, um relógio de pulso gigante pendurado na parede – e olhe que não é de Itu! Na verdade, foi comprado há seis anos na Swatch, do Shopping Ibirapuera. Irreverência que tem explicação: a chef coleciona modelos dessa marca.
Flores e ervas
Para não bloquear a luz da janela, o espaço antes reservado para a geladeira (no centro da pia) foi inutilizado – e, em seu lugar instalada uma bancada inteiriça de mármore. Livre, o parapeito do vitrô é decorado com vasos de ervas (manjericão, alecrim e pimenta), além de lírio, girassol, angélica e astromélia. Flores estão sempre presentes na vida de Danielle.
Embaixo da pia, nada de portas. Apenas prateleiras abertas para facilitar o acesso a utensílios. Nesse espaço, ficam panelas da marca Pinheirense e as de ferro Le Creuset. No chão, sob a pia, está a caixa de madeira do faqueiro de prata – facas, garfos e peças pequenas, ela usa sem dó. Ao lado, a cesta de vime: "Adoro ir com minha filha ao Ibirapuera e levar alguma coisa gostosa para comer", diz ela.
Sobre a pia, um suporte de metal serve para acomodar as dezenas de apetrechos culinários, a maioria deles adquiridos em viagens pelo exterior ou mesmo na Suxxar, em São Paulo. Próximo, um ímã deixa à mão facas Global, a marca preferida. São peças que apenas Danielle pode manusear. Em uma prateleira de estrutura de metal cromado, louças empilhadas disputam espaço com uma gama variada de eletrodomésticos. Entre eles, o que prepara waffles (da Black & Decker), religiosamente utilizado durante o café da manhã, e o batedor (importado) para milk-shake. "Adoro comer", confessa. "Tudo bem… afinal, chef magra pega mal".