Imensas crateras e grandes congestionamentos nas estradas dificultam a distribuição de ajuda humanitária aos moradores do sul do Líbano horas depois da implementação de um cessar-fogo. Em muitos casos, os agentes humanitários estão parados nas mesmas estradas que os refugiados que eles tentam ajudar.
Pontes e estradas em todo o Líbano foram bombardeadas por Israel durante os 34 dias de guerra. No sul libanês, agentes de defesa civil usaram lama e pedras para erigir uma ponte improvisada sobre o Rio Litani e tornar menos precário o acesso à região mais afetada pelo conflito entre Israel e o grupo guerrilheiro pró-iraniano Hezbollah.
A Organização das Nações Unidas (ONU) enviou 24 caminhões de Sidon para Tiro. Os veículos transportavam comida, água e medicamentos, entre outros bens de primeira necessidade. A viagem, que normalmente dura 45 minutos, estendeu-se por mais de cinco horas, comentou Astrid van Genderen Stort, uma porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur) no Líbano.
"Todos os comboios passaram dias parados à espera da liberação israelense, mas agora não sei dizer se eles conseguirão passar pela multidão que se dirige ao sul", comentou. "Não está fácil passar pelas estradas bombardeadas e não há muitos caminhos alternativos", prosseguiu ela.
A ONU também enviou cinco equipes às rodovias que saem de Beirute para distribuir água e cobertores e analisar as necessidades das pessoas presas nos imensos congestionamentos. "As pessoas estão contentes por poderem voltar, mas elas não sabem se encontrarão suas casas nem se terão o que comer à noite", avaliou Stort.
A ONU estabeleceu hoje um escritório e um armazém para controlar a ajuda humanitária a partir de Sidon e pretendia fazer o mesmo em Tiro num prazo de 48 horas, revelou a porta-voz.
Pouco depois do início do cessar-fogo, Israel insistia que uma proibição às viagens pelas estradas do sul do Líbano continuava em vigor, mas os civis e os agentes humanitários ignoraram a ameaça israelense de abrir fogo contra qualquer veículo em movimento.
"Com o cessar-fogo em vigor, não pode haver mais nenhuma área inacessível dentro do Líbano", declarou David Shearer, coordenador humanitário da ONU no Líbano. "Como medida de precaução durante o período de transição, continuaremos notificando ambos os lados sobre nossos movimentos", prosseguiu.
Antes do cessar-fogo de hoje, as agências humanitárias enfrentaram o que a ONU qualificou como um "processo extenso e complicado" para obter autorização de Israel para entrar em algumas zonas de conflito.
Hoje, a Cruz Vermelha libanesa chegou a Aitaroun, Bint Jbail e Ainata, todas a cinco quilômetros de Israel, mas não conseguiu entrar no centro dessas cidades porque os escombros impediam o acesso. Os agentes humanitários estavam à espera de equipamentos para que os caminhos fossem abertos.