Desmatamento entre junho e outubro no Amazonas tem queda significativa

Manaus – A área desmatada no Amazonas entre junho e outubro deste ano foi bem inferior (quase 68%) à registrada no mesmo período do ano passado: de 971 quilômetros quadrados caiu para cerca de 315 quilômetros quadrados. Os dados foram divulgados nessa terça-feira (20) pela Secretaria Estadual de Desenvolvimento Sustentável (SDS) e se baseiam em informações e imagens de satélite do Sistema Deter, idealizado para detectar o desmatamento em tempo real – e gerenciado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). "É nesses meses de seca que ocorre o pico do desmatamento. Conseguir a redução neste ano é uma vitória maior ainda", disse o secretário estadual de Desenvolvimento Sustentável, Virgílio Viana.

O governo estadual também divulgou a área desmatada no sul do Amazonas entre janeiro e novembro de 2005: aproximadamente 520 quilômetros quadrados, contra 764 no mesmo período de 2004. Os dados também têm como fonte o Inpe, mas as informações são do Programa de Monitoramento Sistemático do Deflorestamento da Amazônia (Prodes). "O Deter e o Prodes usam metodologias diferentes, não podem ser comparados. As imagens do Deter têm resolução menor, por isso seus dados são menos precisos", explicou Viana.

Para o gerente executivo do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Henrique Pereira, os 244 quilômetros a menos de floresta derrubada no sul do estado em 2005 significam que a Operação Uiraçu alcançou o resultado desejado. Entre maio e novembro, 113 pessoas de 12 órgãos estaduais e federais permaneceram na região, combatendo o desmatamento e os crimes a ele associados (como a grilagem de terras).

"É importante registrar que essa vitória de toda a sociedade teve dois componentes. Por um lado, o combate ao crime. Por outro, o estímulo ao manejo florestal", destacou Viana. Um exemplo de ação positiva citado por ele foi a isenção do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) para produtos florestais não-madeireiros, concedida neste ano pelo governo estadual.

O chefe de fiscalização do Ibama, Adilson Cordeiro, lembrou que em 2005 o número de focos de calor registrados saltou para quase 4.941, contra 1.845 identificados no ano passado. Assim como o desmatamento, os focos de calor também estavam concentrados no sul do Amazonas, na fronteira com o Mato Grosso, Acre e Rondônia – por onde chegam os grileiros, pecuaristas e grandes produtores de soja. Mas o fogo não contribuiu significativamente para a destruição da floresta. "No máximo, cinco desses focos eram de alerta vermelho, ou seja, incêndios mesmo", ponderou Cordeiro. "A gente sobrevoou a região e viu que apenas em Apuí havia queimadas em florestas virgens. Nos outros municípios, elas atingiram áreas já desmatadas. Muitos eram fogos provocados pelo homem, para formação de pasto", explicou.

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