Na caudalosa entrevista publicada na revista Carta Capital desta semana, o presidente Luiz Inácio da Silva revelou ao jornalista Mino Carta, com quem conversou, que há um problema de foro íntimo a ser resolvido antes do anúncio oficial da intenção de concorrer ao segundo mandato.
Esse comentário é coerente com todas as declarações feitas até agora pelo presidente sobre a reeleição, tese que não lhe agrada desde os tempos de deputado constituinte. Aliás, o voto de Lula, na ocasião, foi contra o instituto depois introduzido na Carta Magna mediante emenda aplaudida com entusiasmo pela vulgata tucana, sem faltar o decantado tônico do chamado vil metal.
Mais uma alentada acha de lenha foi jogada à fogueira, dessa vez pelo ministro Jaques Wagner, coordenador político do governo, em entrevista publicada na edição de terça-feira do jornal Valor Econômico.
Wagner sublinhou que Lula ?não é um apaixonado pela reeleição. Insiste em dizer que você só vai para uma reeleição se tiver convicção absoluta que fará mais que fez no primeiro mandato?.
Adubada pela declaração do auxiliar próximo, a bolsa de especulações quanto a uma possível desistência de Lula concorrer à Presidência no ano que vem entrou em ebulição. Se por um lado, o Presidente tem consciência do reduzido cacife de realizações, arma indispensável na campanha, por outro arca com a responsabilidade de não abandonar o PT ao sabor da corrente.
O quadro político nos reserva abundantes surpresas ou seguirá a monótona repetição da mesmice? A cidadania não arrisca a resposta.
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