Brasília – A maioria dos países considerados desenvolvidos passam por um processo de ?transição epidemiológica?. Esse termo significa que as pessoas estão deixando de morrer por doenças transmissíveis. As causas de morte mais comuns tornaram-se as doenças não transmissíveis e as causas externas, como homicídios e acidentes com veículos.
Relatório elaborado pelo Ministério da Saúde mostra que, no Brasil, aumentou a freqüência de doenças não transmissíveis, que representam acima de 60% dos óbitos notificados no Brasil em 2004. Por outro lado, as doenças transmissíveis ainda são mais comuns que as de causas externas. Segundo o estudo, isso acontece por causa da desigualdade social.
A constação está no livro Saúde Brasil 2006 ? Uma Análise da Desigualdade em Saúde. O livro foi divulgado na página do ministério na internet e tem publicação prevista para este semestre.
O diretor do departamento de Análise de Situação da Saúde do ministério, Otaliba Libânio, explicou que esse quadro é típico de países em desenvolvimento.
?Pensava-se que os países em desenvolvimento iriam passar pelo mesmo processo dos países desenvolvidos, pela chamada transição epidemiológica. Você teria a redução das doenças transmissíveis e a substituição delas pelas doenças crônicas não transmissíveis?, conta Libânio.
?O surgimento de novas doenças transmissíveis, como a aids; o ressurgimento de antigas doenças, como a dengue; e a permanência de algumas como a hanseníase e a tuberculose, fazem com que as doenças transmissíveis ainda sejam um problema relevante de saúde pública no país. Além disso, houve outros problemas, como as causas externas, hoje a terceira causa de morte no Brasil. Por isso, ao invés de falar em transmissão epidemiológica, fala-se em um modelo de polarização.?
Essa é a terceira edição do livro, publicado anualmente, com um panorama sobre as principais doenças que atingem os brasileiros de cada região. A publicação traz análises da situação de saúde no Brasil, com base nos dados que são produzidos nos sistemas de informações do ministério.
Para Otaliba Libânio, o livro "pode orientar tanto os municípios quanto os estados, e também o governo federal". Ele destacou que o Saúde Brasil 2006 aponta "onde estão as maiores desigualdades em saúde, onde tem que priorizar as ações de saúde, em quais regiões, quais grupos populacionais, quais idades, para que a gente tenha ações de saúde mais efetivas?.