Os organizadores do desfile do Dia da Pátria tomaram todas as precauções para evitar nesta quinta-feira (7) o constrangimento do ano passado – quando, no auge do escândalo do mensalão, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi vaiado ao chegar para a festa. Desta vez, a área próxima ao palanque das autoridades foi completamente isolada. O procedimento produziu resultados parciais, pois vaias ao presidente só puderam ser ouvidas no trecho inicial do desfile, perto do Congresso, e depois do palanque presidencial. Para quem estava perto das autoridades, os aplausos foram muito mais sonoros.

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As arquibancadas próximas ao palanque foram ocupadas por convidados especiais, a maioria deles funcionários do próprio Planalto. Os convites foram distribuídos cuidadosamente. Bem orientados, os servidores acenavam com bandeirinhas do Brasil quando o nome do presidente Lula era anunciado e, ao final da cerimônia, quando o locutor anunciou a saída dele da Esplanada dos Ministérios. Muitos tentaram ensaiar o grito da campanha – "Lula de novo, com a força do povo". Mas o coro foi muito tímido.

A preocupação com o isolamento das áreas próximas a Lula foi tão grande que o gramado em frente ao palanque presidencial esteve interditado para o público durante todo o desfile. Os organizadores queriam evitar que se repetisse o episódio do ano passado, quando um fotógrafo do Estado registrou um manifestante com uma bandeira preta pedindo impeachment do presidente, justamente em frente ao palanque de Lula. O fato desagradou tanto ao Planalto que o governo emitiu uma contestação formal, alegando que a imagem tinha sido obtida com truques óticos e lentes especiais.

Apesar das precauções, do palanque presidencial podiam ser vistas, à distância, algumas bandeiras do candidato do PSDB ao Planalto, Geraldo Alckmin. As bandeiras e camisetas vermelhas do PT eram praticamente inexistentes e, ao longo da Esplanada dos Ministérios, havia algumas poucas faixas de protesto contra a corrupção.

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