A oposição está inflada e ainda comemora, ajudada pelas circunstâncias do clima festivo da virada gregoriana, a acachapante derrota infligida ao governo Lula com a rejeição da cobrança da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF).
Desarvorado pelo impacto violento da pancada, de certa forma esperada, o governo conseguiu safar-se na hora undécima de ver também rejeitada a autorização para o livre uso de 20% dos recursos da União, dispositivo introduzido na chamada DRU, aprovada no Senado graças ao comportamento compreensivo das duas maiores bancadas da oposição, tucanos e democratas.
Induzida pelo efeito CPMF, a oposição tenciona continuar exercendo o direito legítimo de pressionar, especialmente no Senado, onde, mesmo com a maioria numérica da base aliada, o governo Lula não dispõe da maioria qualificada de votos para aprovar medidas importantes, como acabou ocorrendo com o finado imposto do cheque.
O governo precisava de 49 votos, mas teve apenas 45 e, acima de tudo, amargou a frustração dos seis votos contrários oriundos da própria base. A oposição está ciente da enorme fenda no casco da nau governista, e pretende ampliá-la. Se vai conseguir realizar seu intento é outra história.
De uma coisa, porém, estamos todos convencidos. A inépcia do governo ao negociar a aprovação da CPMF foi um dos lances mais bisonhos dos últimos tempos. Jamais se viu tamanha arrogância e auto-suficiência, traduzidas no arquivamento duma medida que daria ao governo R$ 40 bilhões de recursos adicionais no próximo exercício. Um desfecho humilhante.
