Desemprego e salários

O IBGE informa que o desemprego fechou 2004 com a menor taxa em três anos. A taxa, nas seis maiores regiões metropolitanas do País, recuou em dezembro e fechou o ano abaixo dos dois dígitos, em 9,6%. Desde o início da série histórica do IBGE, iniciada em outubro de 2001, este é o melhor resultado. A taxa de desemprego é o percentual da força trabalhadora sem trabalho, não considerando quem está à procura do primeiro emprego e os jovens que estão tentando adentrar no mercado de trabalho. Considera apenas quem estava trabalhando e ficou desempregado.

Os 9,6% anunciados significam a queda de 1% em relação aos 10,6% de novembro e de 1,3% em comparação com dezembro de 2003. No ano, a taxa média de desemprego ficou em 11,5%. No ano de 2003, foi de 12,3%. Recordemo-nos que aquele foi um ano difícil para a economia, com o mercado ainda colocando em dúvida a política ortodoxa que Lula prometia seguir e Palocci vem aplicando.

A notícia é boa, mas não ótima. E, para muitos, é até ruim. Diminuiu o número de desempregados, mas também caiu a massa salarial. Ou seja: tem mais gente trabalhando, mas, na soma, estão ganhando menos. Esta é uma perversidade da crise e um fato comum quando há mais oferta de mão-de-obra que postos de trabalho. Empregadores demitem funcionários para admitir outros, em número maior, mas ganhando muito menos. Troca-se um empregado que ganha mil reais por mês por dois de R$ 350. O empregador economiza R$ 300 por mês e ainda tem um empregado a mais.

O número de pessoas que procura trabalho ainda é muito alto. Da ordem de 2,1 milhões. No ano passado registrou-se uma queda de 232 mil no número de pessoas desocupadas.

A renda do trabalhador, apesar da melhora no nível de desemprego, caiu 1,8% em relação a novembro. E em relação a dezembro de 2003, teve uma pequena alta de 1,9%. Seis regiões foram pesquisadas e cinco delas apresentaram queda de rendimentos. Foram elas: São Paulo, Rio, Porto Alegre, Belo Horizonte e Recife. Só Salvador apresentou variação positiva de míseros 0,3%.

Se analisarmos onde ocorreu a redução de rendimentos, vemos que, de fato, foram demitidos funcionários que ganhavam mais para admitir mais gente com salários bem menores. A redução no rendimento afetou mais os empregados sem carteira de trabalho assinada no setor privado. Estes tiveram uma queda de 6,2% em seus ganhos. Os autônomos perderam 2,3%. Os empregados com carteira assinada também saíram perdendo, se bem que bem menos: 0,3%.

Essa diminuição do desemprego teve um lado cruel, pois se fez através da diminuição dos ganhos dos trabalhadores.

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