Desempenho tacanho

Repetiu-se a decepção ante o anúncio do crescimento de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre deste ano, feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na quinta-feira. O crescimento do primeiro semestre foi de pífios 2,2%, embora fontes do governo, como o ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão, Paulo Bernardo, insistam em dizer que até o final do ano a expansão do PIB deverá situar-se no intervalo de 4% a 4,5%.

Todos sabem que a previsão dificilmente se realizará, tendo em vista a ausência de sinais claros emitidos pelos principais setores da economia, de que haverá nesses três meses que restam para concluir o ano uma recuperação pujante, capaz de compensar a estagnação até aqui registrada.

A conclusão é robustecida pelo fato de que não há margem de manobra favorável para aguardar uma reação exponencial da economia no terceiro trimestre, ainda mais levando em conta a paralisação natural motivada pelos jogos da Copa do Mundo. Assim, mais um ano vai transcorrer sem que o País apresente um nível de crescimento econômico que o coloque no rumo dos países em transição para o estágio da industrialização, como China, Índia, Rússia e Chile, entre outros.

O economista Salomão Quadros, da Fundação Getúlio Vargas, afirmou que o crescimento estimado pelo governo não será atingido porque a economia não está balizada pelas premissas desejáveis para forjar o desenvolvimento sustentável. Ele chegou a lembrar o medíocre ?stop and go? dos anos 80s, com surtos de crescimento e retrocesso, ao dizer que a economia brasileira segue um ritmo irregular, dando um passo à frente e dois para trás.

Para chegar aos 4,5% previstos pelo ministro Paulo Bernardo, que olha a economia através das lentes do doutor Pangloss, em oposição ao grupo que acredita que se o PIB crescer 4% em 2006 será uma exultante vitória, o padrão de crescimento deveria ser muito mais efetivo que o observado atualmente. Por melhor que seja a boa vontade, não é esse o panorama vislumbrado na economia, agravada sobremaneira pelas visíveis retrações nas vendas industriais e do comércio em geral.

O primeiro mandato de Luiz Inácio chega ao final com uma perspectiva tacanha em termos de crescimento econômico e distribuição de renda.

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