A queda de preço das commodities, principalmente soja, milho e algodão, se soma a outras preocupações do setor de máquinas e equipamentos: elevação do preço do aço e valorização cambial do real. A queda no preço das commodities reduz o plantio e a safra e provoca queda também na aquisição de máquinas agrícolas, entre elas tratores e colheitadeiras, os principais produtos do segmento.

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O vice-presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Rubens Dias de Moraes, pede ao governo uma política de preços mínimos para os principais produtos agrícolas, a fim de regular o mercado. Ele defende também a ampliação, de cinco para oito anos, dos prazos de pagamento dos recursos do programa de modernização de frota, Moderfrota, carência de dois anos e aumento do valor financiado para 90% a 100%.

Balanço da Abimaq revela que o faturamento do setor em 2004 alcançou R$ 45,613 bilhões, 30% a mais do que no ano anterior. O desempenho foi o melhor dos últimos nove anos. Deste montante, máquinas agrícolas representaram 15,7%, a maior parcela para um único segmento.

O vice-presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Pérsio Pastre, destaca que a indústria de máquinas agrícolas sofre com efeito amplificado o que os produtores estão vivendo. "Se o agricultor não tiver bom desempenho, não vai investir e não vai comprar (máquinas). Os empresários brasileiros, além da queda no preço das commodities globalmente, recebem menos reais por dólar (em razão da valorização cambial)", lembra.

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Pastre afirma que Anfavea vê esse cenário com preocupação. "A Anfavea já deu sinal vermelho", diz. Ele revela que nos últimos dois anos o preço do aço já subiu 160%. O aumento da matéria-prima interfere em toda a produção do setor automotivo, que no ano passado também celebrou bons resultados. Dados da Anfavea indicam que o setor alcançou US$ 8,355 bilhões e superou em 51,8% os resultados de 2003. Deste montante, US$ 1,727 bilhão foi conquistado no setor de máquinas agrícolas, que cresceu 20,6%, com destaque para a venda de tratores e colheitadeiras.

Pastre afirma que o desempenho de 2004 é reflexo dos investimentos que a indústria brasileira fez nos últimos quatro anos ao identificar a oportunidade de mercado. "Os fabricantes viram a oportunidade e investiram, lançaram máquinas modernas. Venderam mais, ganharam escala (de produção), preço e, conseqüentemente, novos mercados", destaca.

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Nos últimos anos a pauta de exportações brasileiras tem se modificado com a ampliação das vendas externas de itens manufaturados (industrializados), responsáveis atualmente por 55% dos produtos comercializados em outros mercados. Pérsio Pastre reconhece a modificação da pauta de exportações brasileiras, com a ampliação das vendas de produtos de maior valor agregado, mas destaca que o país deve ampliar suas vendas nas duas frentes: industrializados e agrícolas, este último considerado por ele alicerce da nossa economia. "As duas áreas estão crescendo. As commodities têm que ser vistas como alicerce, pois o Brasil tem capacidade produtiva. Têm que ser alicerce por muito tempo. Esse é caminho", acrescenta.