Desembolsos do BNDES para setor de energia ficam abaixo da média este ano

Rio de Janeiro – O chefe do Departamento de Energia Elétrica do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES),  Nelson Siffert, informou nesta segunda-feira (18) que os desembolsos do banco para o setor de energia elétrica deverão fechar em torno de R$ 3 bilhões.

O montante é menor do que a média anual dos quatro exercícios anteriores, que somou R$ 4 bilhões,  devido à entrada de projetos de menor porte. Segundo Nelson Siffert, isso decorreu da "sazonalidade". ?Nos anos passados, você  teve um desembolso maior em projetos de geração. Este ano, teve desembolso para um maior número de projetos, mas são projetos de um porte menor, como as pequenas centrais hidrelétricas e biomassa. A perspectiva é que no ano que vem se retomem os desembolsos para projetos maiores?, disse ele.

Nesta segunda-feira, o presidente do BNDES, Demian Fiocca, anunciou a aprovação de financiamento de R$ 570 milhões para a construção da hidrelétrica São Salvador, no Rio Tocantins, além de linhas de transmissão e de sub-transmissão associadas ao Sistema Interligado Nacional.

A usina de São Salvador terá  243,2 MW de capacidade instalada e prevê a geração, durante as obras civis, de 1,6 mil empregos diretos e dois mil indiretos. O tomador do empréstimo é a Companhia Energética São Salvador, que é uma Sociedade de Propósito Específico (SPE), criada com a finalidade de construir a unidade. A operação da nova hidrelétrica será  efetuada pela multinacional Tractebel Energia.

Na avaliação do presidente da Associação Brasileira dos Produtores Independentes de Energia (Apine), Luís Fernando  Leoni Vianna, os recursos necessários para o setor elétrico nos próximos anos, englobando geração e transmissão, são bem superiores à projeção de desembolsos do BNDES.  

?Para não haver problemas de desabastecimento de energia elétrica, em termos de recursos, sem falar em outras questões, como meio ambiente, seriam necessários US$ 40 bilhões, que dariam  para a instalação de 40 mil MW de energia no país nos próximos dez anos?, afirma Vianna. Segundo ele, isso representaria uma média de US$ 6 bilhões por ano, durante o próximo decênio.

O presidente da Apine afirma, contudo, que não há expectativa de que o BNDES arque com 100% do financiamento total dos projetos. Segundo ele, devem entrar em jogo recursos próprios dos investidores, ou mesmo de bancos privados, bem como de instituições de fomento, entre as quais o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), que já está estudando essa possibilidade.

No anúncio das expectativas de investimento do BNDES hoje, Siffert não fez projeções relativas ao total de investimentos necessários ao país no setor. Segundo ele, o banco segue a política do Ministério de Minas e Energia, ?que é quem responde por esse balanço da oferta e  demanda de energia?.

Siffert espera destacou, por outro lado, que o BNDES tem orçamento para atingir desembolsos de R$ 10 bilhões/ano para o setor de energia. ?Não há nenhuma restrição  sob o ponto-de-vista orçamentário. Se chegar a R$ 10 bilhões, energia vai estar representando  entre 15% a 18% do orçamento global do banco?. Historicamente, o setor já correspondeu a 20% do orçamento do BNDES, lembrou o chefe do departamento de Energia Elétrica.

A idéia, segundo ele, é buscar viabilizar  projetos que permitam  maior  desembolso para esse setor , no sentido de que a energia deixe de ser um fator limitador do crescimento, mas se torne um impulsionador do crescimento, a taxas sustentáveis e mais significativas.

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