Desembargador defende cadeia para uso de caixa 2

O desembargador Alvaro Lazzarini, que comandou o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) de São Paulo nos últimos dois anos, defendeu mudanças imediatas na legislação para acabar com o esquema de caixa 2, do qual se valem partidos políticos e candidatos. Ele avalia que os envolvidos nesse tipo de operação devem ir para a cadeia, mas faz uma ressalva: "Depende de legislação flexível, que atenda à realidade."

Lazzarini deixou na terça-feira a presidência do TRE paulista, maior corte eleitoral da América do Sul – compreende universo de 27,5 milhões de eleitores no Estado. Aos 53 anos de serviço público, 40 na magistratura, foi corregedor eleitoral (2002/2003) e, depois, presidente do TRE.

Ele disse que o "mensalão" não o surpreendeu. "Ninguém pode dizer que não sabia de ‘mensalão’, esses pagamentos sempre foram comentados. É difícil provar, mas sempre existiu só que não nessa proporção. Não fiquei surpreso, mas contente porque veio à tona esse estado de coisas, interesses escusos."

Financiamento

"O problema do Brasil é aquela história: o que não está nos autos não está no mundo", argumenta. "Só que o que está no mundo não está nos autos. O caixa 2 não vai para os autos, por isso a necessidade de encontrar meios para tornar mais flexível a legislação. E a Justiça não pode ser complacente com desvios."

Lazzarini defende a verticalização. "Sigo aquilo que o ministro Nelson Jobim falava: se é amigo em cima tem que ser amigo embaixo. O partido é único, não são facções."

O desembargador vê com restrições o financiamento público de campanha. "A União não tem dinheiro nem para pagar o processo eleitoral e ainda vai financiar os políticos? O financiamento já existe, na forma da propaganda obrigatória. E o que acontece com as multas? O dinheiro vai para o Fundo Partidário e é dividido entre os partidos. Querem mais o quê?"

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo