Desejo de consumo faz jovem entrar no tráfico para ganhar dinheiro

Rio de Janeiro – Comprar roupas novas ou ajudar a família a se sustentar economicamente. Esses são os dois principais destinos do dinheiro obtido pelos jovens que trabalham no narcotráfico do Rio de Janeiro. A constatação vem da pesquisa ?Caminhada de crianças, adolescentes e jovens na rede do tráfico de drogas no varejo do Rio de Janeiro?.

O levantamento foi divulgado nesta terça-feira (23) pelo Observatório de Favelas, organização da sociedade civil sediada na Favela da Maré. A pesquisa durou dois anos e investigou a trajetória de 230 jovens, com idades entre 11 e 24 anos, envolvidos com o tráfico de drogas em 34 comunidades distribuídas nas Zonas Norte, Sul, Oeste e Leopoldina. Foi realizado em parceria com o Fundo das Nações Unidas para Infância (Unicef), a Organização Internacional do Trabalho (OIT) e outras instituições.

Sensação de poder, prestígio, amizades e espírito de aventura são outros fatores apontados nas entrevistas como motivos para entrar no crime.

Uma das pessoas que participou da realização da pesquisa foi Vânia, que participou da entrevista coletiva, mas não quis identificar seu sobrenome por questões de segurança. Vânia trabalhou no narcotráfico por oito anos e auxiliou o Observatório de Favelas na realização das entrevistas em três comunidades, onde precisou pedir autorização do chefe do tráfico.

Ex-traficante de drogas, a jovem de 27 anos, disse que se envolveu com o crime por razões semelhantes às dos entrevistados.

?Eu entrei no tráfico com 16 anos. Para mim, era tudo novo, eu gostava daquilo. Meus amigos de infância sempre foram envolvidos, então eu praticamente sempre fui envolvida também. Fui me acostumando, gostando, vendo meus colegas arrumando dinheiro, aquelas armas todas me impressionavam. Tudo me deixou bem excitada em participar?.

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