O Ministério Público de Pernambuco solicitou nesta quinta-feira (19) à Secretaria de Defesa Social a designação de um delegado especial para investigar uma quadrilha de detentos que atuava dentro do Centro de Triagem de Abreu e Lima (Cotel), roubando senhas para invadir contas bancárias pela internet. O promotor da 1ª Vara de Execuções Penais, Marcellus Ugiette, realizou vistoria ontem na unidade prisional e apreendeu um cabo de computador e cadernetas com documentos e números de CPF de correntistas do Banco do Brasil, Caixa Econômica, Itaú, Unibanco e HSBC e um celular da Tim.
Segundo o promotor, há indícios de que a quadrilha tenha invadido 3,7 mil contas correntes entre os dias 9 e 16, utilizando um notebook. O equipamento não foi encontrado. Há suspeita de que ele tenha sido levado por um dos coordenadores do golpe, Josiel Josué da Silva (o Pernambuco), que conseguiu alvará de soltura na segunda-feira. Outro acusado de integrar a quadrilha, Nilson Santiago de Pádua (o Japonês), continua preso. Além de um delegado especial para o caso, Ugiette vai solicitar a participação da Polícia Federal.
Ainda não se sabe se as transferências bancárias – os detentos pretendiam roubar em torno de R$ 1 milhão – chegaram a ser efetuadas. O promotor tomou conhecimento do golpe através de uma denúncia anônima que o levou a um detento do Cotel que teria sido obrigado, sob ameaça de morte, a participar do crime. Em depoimento, logo após a vistoria, o homem disse entender de computadores e foi forçado por outros detentos a instalar o programa conhecido como "Cavalo de Tróia", que invade as máquinas para capturar as senhas. O rapaz deu detalhes sobre o material apreendido e como o esquema funcionava. Ele foi transferido para outra unidade prisional e está protegido por um esquema especial de segurança.