A Polícia Civil investiga empresas sediadas em Belo Horizonte acusadas de aplicar golpes de consórcios e de oferecimento de empréstimos a centenas de clientes em Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo e Pará. De acordo com o delegado Horivelton Cabral Ribeiro, titular da Delegacia de Defesa do Consumidor, foi aberto um inquérito para apurar a atuação de três empresas. Entre as acusadas está a Carion Brasil Administradora Ltda., em nome de Paulo Cardoso da Silva, apontado como o chefe da quadrilha.
Paulo Cardoso também é alvo de outros quatro inquéritos e, de acordo com o delegado, costuma mudar o nome fantasia das firmas à medida em que surgem as primeiras denúncias.
Policiais da Delegacia do Consumidor cumpriram ontem mandados de busca e apreensão expedidos pela Justiça em dois endereços na capital mineira. Foram apreendidos documentos e computadores no escritório da Carion e na Luxor Moto. Na suposta loja de motos não havia nenhum veículo. Numa sala ao lado, porém, estavam cerca de 20 pessoas, numa espécie de call center. "Aquilo é só uma fachada", observou Ribeiro.
Os golpes, conforme a polícia, consistiam na oferta de empréstimos sem fiador e de cotas de consórcios sorteados para a aquisição de veículos e imóveis. No caso dos consórcios, as vítimas eram atraídas por anúncios em jornais de grande circulação. Para ter acesso à carta de crédito, exigia-se do cliente um depósito adiantado correspondente a 10% do valor recebido. A promessa de liberação do dinheiro em alguns dias nunca era cumprida.
As vítimas normalmente eram arregimentadas pelo telefone. Durante a negociação, exigia-se o pagamento antecipado de um "seguro-fiança" para a liberação do dinheiro. Pelo menos 240 pessoas nos cinco estados foram lesadas, entre elas muitos aposentados. A polícia, no entanto, acredita que o número de vítimas seja bem maior.