O projeto da reforma política não resistiu ao intenso fogo a que foi submetido no plenário da Câmara, na abertura dos debates sobre o item que o relator Ronaldo Caiado (DEM-GO) julgava definido: as listas fechadas. A desavença aflorou e o remédio foi adiar a votação da matéria para a próxima semana.

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Caiado chegou a afirmar que sem lista fechada não haverá reforma política, embora a posição assumida tanto por representantes da base aliada quanto da oposição reivindique com razão o aprofundamento das discussões. Nesse sentido, foi enfático o argumento usado pelo PSDB para fechar questão contra a lista preordenada, na qual o eleitor vota no partido e não no candidato de sua preferência.

Embora mais da metade da bancada tucana tivesse dado consentimento à aprovação da lista, o panorama mudou em poucos dias e o número de parlamentares contrários à medida assumiu proporção inusitada. Houve também o reforço de muitos petistas descontentes com a executiva nacional pela intransigência com que determinou a aprovação do texto apresentado ao plenário da Câmara.

Quem tem experiência em votações estima que a maioria dos deputados se opõe à lista e, além disso, está consciente da força do bloco suprapartidário. Há quem aposte suas fichas na rejeição da proposta, que não poucos passaram a rotular de crasso maniqueísmo.

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O relator já comemorava a aprovação do projeto quando o caldo entornou. Para evitar a rejeição, decidiu incorporar a emenda da deputada Rita Camata (PMDB-ES), segundo a qual o eleitor terá a possibilidade de votar no candidato ou na legenda, conforme o sistema usado na Bélgica. Os partidos apresentariam a lista fechada e os votos dados à legenda seriam distribuídos na ordem dos nomes e não para os mais votados nominalmente.

A polêmica em torno da lista fechada é que a mesma anula praticamente a eleição de candidatos independentes, ademais de dificultar a renovação dos quadros políticos, além de amesquinhar a prerrogativa de escolha dos eleitores.

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Pontos como o voto distrital misto, fim da reeleição para o Executivo, redistribuição de vagas estaduais na Câmara e maior participação popular nas decisões políticas também voltam à tona em boa hora.