Desaceleração de matérias-primas puxa queda do IGP-M

A forte desaceleração nos preços das matérias-primas brutas no atacado (de 3,61% para 1,33%) influenciou a taxa mais baixa na primeira prévia do Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) em dezembro, que subiu 0,18%, ante aumento de 0,71% em igual prévia em novembro. Segundo informou o coordenador de Análises Econômicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Salomão Quadros, embora ainda registrem taxas positivas expressivas, várias commodities agrícolas no atacado registraram desacelerações de preços – sendo que, até pouco tempo, esses produtos estavam passando por forte aceleração

É o caso de soja em grão (de 7,08% para 4,42%), milho em grão (de 10,80% para 8,55%); bovinos (de 0,84% para -6,25%) e arroz em casca (de 12,81% para 5,10%). "A perspectiva é de que as matérias-primas brutas desacelerem mais", disse Quadros, lembrando que os fatores que levaram à alta mais intensa nos preços desses produtos, no mês passado, eram originadas de fatores pontuais, de mercado, e não sustentáveis no longo prazo

Esse cenário ajudou a diminuir a elevação do IPA (de 1,02% para 0,23%), na passagem da primeira prévia do IGP-M de novembro para igual prévia em dezembro – o que ajudou muito na formação de uma taxa mais baixa, na primeira prévia de dezembro. "Mas é importante lembrar que, além de matérias-primas brutas, todos os estágios de processamento tiveram desaceleração, dentro do IPA", disse, ressaltando que houve deflações, no mesmo período, em bens finais (de 0,30% para -0,14%) e bens intermediários (de 0 16% para -0,12%).

Outro ponto destacado pelo economista foi o cenário do varejo. Beneficiado pela queda nos preços do grupo Alimentação (-0,29%), o IPC saiu de uma elevação de 0,12% para uma alta de 0,03%. "O IPA, é claro, teve um peso muito grande (para a desaceleração na primeira prévia). Mas a desaceleração do IPC também foi expressiva", disse. Dentro de Alimentação, um dos principais destaques de conduziram à queda de preços no setor foi a deflação nos preços de carnes bovinas (-0,72%) e hortaliças e legumes (-2,48%).

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