Deputados reclamam de dado sobre gasto com gasolina

A reunião do presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), com os líderes partidários para discutir as votações na Casa se transformou, na maior parte do tempo, em uma sessão de reclamação da imprensa e em cobrança por atitudes contra as reportagens que enfocam os deputados e a Casa. Líderes se mostraram revoltados com a reportagem publicada na edição de segunda-feira do jornal O Estado de S. Paulo, na qual revela que os deputados justificaram gastos de R$ 2,5 milhões da verba indenizatória apenas com gasolina. A reportagem mostra, com base na prestação de contas dos parlamentares, que a Câmara desembolsou com os deputados R$ 11 milhões de verba indenizatória de fevereiro a março desse ano.

Participantes da reunião com Chinaglia contaram que o deputado Deley (PSC-RJ) disse que houve um erro na prestação de contas e que a reportagem o apontou como o que mais gastou. O deputado, ex-jogador de futebol, disse aos líderes que já havia recebido muitas vaias nos campos, mas que agora, como deputado, estava levando mais vaias ainda. Líder do PV, o deputado Marcelo Ortiz (SP), foi um dos que mais reclamou da imprensa e cobrou defesa da instituição que, segundo ele, estava sendo "enxovalhada".

O líder do PTB, Jovair Arantes (GO), se mostrou indignado com o comentário do jornalista da Rede Globo Arnaldo Jabor. "Ele disse que deviam prender todos os deputados. Quem comete irregularidade tem nome e CPF, não pode tratar todos como se fossem iguais", disse Arantes, para quem o comentarista passou dos limites. Líderes lembraram que a Câmara é desprestigiada enquanto o Senado, que tem a mesma verba indenizatória e não publica a prestação de contas dos senadores, é preservado de maneira injusta e não recebe críticas da imprensa.

O líder do PDT, Miro Teixeira (RJ), mostrou na reunião uma nota do programa humorístico Casseta & Planeta, da Rede Globo. Na nota de Miro, no quadro intitulado "Deputados de Programa", os humoristas apareciam vestidos de terno em uma rua, propondo a venda de seus votos aos motoristas que passavam, em uma comparação com prostitutas.

"Se não responde a uma coisa dessa, é a mesma coisa de assinar em baixo", afirmou o líder do PDT, sem notar que estava citando um programa que foi ao ar em 2001. O deputado Ricardo Izar (PTB-SP), que na época era o procurador da Câmara, lembrou que se tratava de caso antigo. Mais tarde, Miro explicou que não defende a abertura de processo contra a imprensa, mas mudanças na prática da Casa como a melhor resposta. "Crítica é sempre bom. O diabo é quando todas elas são procedentes", disse Miro.

Apesar da discussão, nenhuma atitude ficou decidida na reunião. Chinaglia disse aos líderes que apresentassem sugestões sobre a melhor maneira de reagir às críticas.

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