Deputados dizem que plebiscito mede grau de insatisfação com o governo

A decisão da população sobre a proibição do comércio de armas e munições no País é a medida do grau de insatisfação da população com o governo federal. É o que pensam o presidente da Frente Parlamentar pelo Direito de Legítima Defesa, deputado Alberto Fraga (PFL-DF), e o deputado José Roberto Arruda (PFL-DF). Coronel aposentado da Polícia Militar, Fraga votou contra o fim da venda de armas e Arruda assumiu posição oposta.

"Em parte, essa é uma decisão plebiscitária. Quem acredita que as políticas públicas podem dar certo votaram no sim, quem não tem esperança votou no não", disse Arruda, autor de um dos projetos de lei do desarmamento apresentado no Senado. Arruda apoiou a Frente Parlamentar pelo Direito da Legítima Defesa por não acreditar que a violência deve ser respondida com violência. "A minha convicção é política e religiosa. Embora respeite quem votou não ao desarmamento, não vejo que é justo alguém tirar a vida do outro", declarou.

Ele reconheceu que as chances de a população rejeitar a proibição do comércio de armas eram grandes. "Estamos perdendo a chance de dar um passo na linha de mudar a herança cultural do País", disse Arruda, antes de entrar na seção eleitoral num colégio público de Brasília.

Seu colega de partido, o deputado Alberto Fraga, disse que mostrou que está insatisfeito com o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "O voto não tem relação com a rejeição aos programas federais e à falta de ética do governo", disse Fraga. Ele acredita que a diferença em favor do não ficará entre 14% e 16%, "As pessoas puderam perceber que é justamente por perder a vida que defendemos que devem ser preservados os direitos", disse.

Ele voltou a criticar o fato de terem sido gastos cerca de R$ 500 milhões (o TSE afirma que os gastos são de R$ 270 milhões) para a realização do referendo popular. "Essa despesa mostra que o governo não leva a sério a segurança pública. Esse dinheiro deveria ter sido gasto em segurança pública", afirmou. Disse ainda que não se incomoda de pertencer à chamada bancada da bala do Congresso.

"Sou da bancada da bala, mas não sou da bancada da mal", afirmou Fraga, ironizando o fato de parlamentares da base governista terem sido acusados de envolvimento no esquema do ‘mensalão’.

Em Brasília, a frente do sim fez boca-de-urna em alguns locais. Vários grupos de voluntários se deslocaram para cidades-satélites do Distrito Federal, como Sobradinho e Guará. Segundo a presidente do Comitê Nacional de Vítimas de Violência (Convive), Valéria Velasco, a boca-de-urna foi feita para conquistar os votos de muitos indecisos.

"Acredito que podemos virar a tendência. Há muitos indecisos. Falei com várias pessoas que não haviam decidido em quê votar", declarou Valéria, ligada à frente do sim. Nas igrejas católicas, folhetos distribuídos aos fiéis pregavam o voto sim.

No Distrito Federal, a Polícia Militar registrou até as 17h apenas uma única ocorrência. O eleitor José de Fátima Alves foi preso por ter desacatado um funcionário do Tribunal Regional Eleitoral (TRE).

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