Em audiência pública realizada pela Comissão Especial de Limite de Despesa com Pessoal, parlamentares e o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, discordaram sobre a forma de controle dos gastos do setor. A comissão analisa o Projeto de Lei Complementar (PLP) 01/07, que modifica as regras de despesa com pessoal da União e, segundo o ministro, "não propõe o corte nos gastos, mas uma previsibilidade para eles".

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O texto altera a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) para estabelecer que a despesa com pessoal e encargos sociais de cada Poder da União não poderá exceder, em valores absolutos, o valor do ano anterior, acrescido da variação do IPCA mais 1,5%.

O ponto principal da proposta, segundo o ministro, é melhorar o desempenho da máquina pública. Paulo Bernardo discordou da deputada Alice Portugal (PCdoB-BA), para quem o Estado brasileiro é "insuficiente para o País e a população". Ele respondeu que a maioria da população exige que o Estado gaste menos e aproveite melhor os recursos dos tributos.

O deputado Paulo Rubem Santiago (PT-PE) enfatizou que medidas desse tipo deveriam ser previstas na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), discutida anualmente pelo Congresso, e não em uma lei complementar. "Como integrante da Comissão Mista de Orçamento, não posso abrir mão do meu direito de discutir os gastos por 10 anos", justificou.

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Previsão de despesas
Paulo Bernardo destacou que as medidas fiscais de longo prazo previstas no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), entre elas o PLP 01/07, têm o objetivo de fazer com que as despesas correntes do governo cresçam menos que o Produto Interno Bruto (PIB). De acordo com o ministro, é preciso dar previsibilidade à despesa com pessoal, o que justifica a limitação proposta no projeto. Segundo ele, o gasto com pessoal neste ano deve ser de R$ 118 bilhões, o equivalente a 26% da despesa primária do governo.

Além de acelerar o crescimento e diminuir a carga tributária, disse o ministro, é preciso compatibilizar as despesas com os recursos. Segundo ele, a LRF não impediu o aumento das despesas da União. Também houve, lembrou, um crescimento desigual entre os Poderes. Por exemplo, de 1997 a 2007, as despesas do Executivo cresceram 31% além da variação da inflação. Enquanto isso, as despesas do Judiciário cresceram 74% além da variação da inflação, comparou.

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Governança digital

O ministro comentou as sugestões feitas pelo deputado Fernando Gabeira (PV-RJ) de aproveitamento da tecnologia digital para reduzir gastos em vários setores e disse concordar com tais alternativas. Bernardo lembrou que um dos projetos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o PL 7709/07, muda a Lei de Licitações e Contratos (Lei 8666/93) justamente para permitir que as licitações sejam feitas pela internet.

Gabeira sugeriu ainda o uso de videoconferências para contenção das despesas com viagens, que chegaram a R$ 1,1 bilhão no passado, segundo informou o próprio ministro. Paulo Bernardo afirmou que, para este ano, a meta é diminuir o valor em 10%. O ministro disse também que vários projetos de governança digital estão sendo estudados, sempre com o objetivo de racionalizar a máquina pública.