O presidente da Copel, Rubens Ghilardi, defendeu nesta terça-feira (25), perante a Comissão de Fiscalização da Assembléia Legislativa, a intenção da estatal de comprar, pelo equivalente a 190 milhões de dólares, os 60% de participação que a empresa norte-americana El Paso detém na Usina Termelétrica de Araucária.
Segundo Ghilardi, que atendeu à convocação dos deputados junto com outros diretores e assessores, a operação será benéfica para a Copel por neutralizar, em definitivo, o risco de eventual condenação judicial, que poderia significar para a empresa despesa de aproximadamente 1 bilhão de dólares. ?Um acordo que nos permita assumir a usina e encerrar todas as pendências judiciais, no Brasil e em Paris, vai reduzir imensamente o risco empresarial da Companhia e diminuir o custo de futuras operações para a captação de recursos no mercado financeiro?, informou o presidente.
Preço
Sobre o valor de 190 milhões de dólares (cerca R$ 400 milhões em valores de hoje) que foi combinado, Rubens Ghilardi observou aos deputados da Comissão de Fiscalização que ?a El Paso já aportou na UEG Araucária cerca de R$ 480 milhões desde o início do projeto, o que é mais que o valor proposto?. O presidente acrescentou que, se o governador Roberto Requião não tivesse determinado em 2003 à Copel que suspendesse os pagamentos à UEG Araucária pela compra de uma energia que sequer era produzida, a estatal teria desembolsado um total de R$ 844 milhões até dezembro de 2005. ?Agora temos a possibilidade de comprar a usina toda por 48% desse montante?, enfatizou.
Quanto aos riscos e problemas apresentados pela usina e que impedem-na de operar, o presidente afirmou que é possível fazer os reparos e as adaptações necessárias com o investimento adicional de aproximadamente R$ 50 milhões. ?Nossas estimativas indicam que os reparos e a recuperação das instalações devam custar cerca de R$ 11 milhões e a flexibilização das turbinas para que possam operar também com outro combustível que não gás natural, mais 30 ou 40 milhões?.
Prazo
Os deputados estão iniciando a discussão do anteprojeto de lei de autoria do governador Roberto Requião que autoriza a Copel a tornar-se majoritária na UEG Araucária, empresa proprietária da usina, elevando dos atuais 20% para 80% sua participação na sociedade. A Petrobras, que controla os 20% restantes das ações, já formalizou posição de que não faz objeções à alteração.
Em 17 de fevereiro, Copel e El Paso assinaram um memorando de entendimentos pelo qual a El Paso dispõe-se a vender sua participação na UEG Araucária à Copel. Conforme o documento, um acordo definitivo deve ser celebrado até o dia 30 de abril. O presidente da Copel não vê problemas quanto a isso no caso da autorização da Assembléia não ser concedida até lá. ?Estamos em permanente contato com os representantes da El Paso e não creio que a questão do prazo venha a constituir obstáculo?, opinou.
A Comissão de Fiscalização da Assembléia Legislativa quer ouvir na próxima semana o ex-presidente da Copel Ingo Hübert para explicar as razões que levaram a administração anterior da estatal a firmar com a UEG Araucária um contrato dispendioso e altamente prejudicial às finanças da empresa.
