Enquanto o deputado Roberto Brant (PFL-MG), sorridente, dizia que a apertada aprovação de sua condenação no Conselho de Ética "teve sabor de vitória", o petista Professor Luizinho (SP) lamentava o resultado. "Não há desonra maior para um homem público que a cassação de seu mandato. Não aceito essa pena de morte", disse Luizinho, que prometeu "recorrer onde for possível". Brant não recorrerá à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara e está certo de que será inocentado no plenário. "O plenário vai me prestar uma forte homenagem", disse o pefelista.
Os dois deputados fizeram discursos emocionados em que citaram os pais, já falecidos, e garantiram não ter qualquer envolvimento com o esquema de caixa 2 montado pelo empresário Marcos Valério Fernandes de Souza. Luizinho, mais direto, pediu cinco vezes "por favor" aos conselheiros para que lessem os autos de seu processo com atenção. Brant citou vários pensadores e rejeitou as referências a seu passado feitas por seus acusadores. "Os votos pela cassação são votos pela rejeição à minha conduta moral. Dispenso elogios para se for para, no fim, me condenarem", disse o pefelista. "Os rosbepierres se disseminam e se multiplicam", provocou o deputado.
Brant disse não estar magoado com o voto decisivo do presidente do conselho, Ricardo Izar (PTB-SP), pela cassação. "Ele representa o conselho, onde a disposição é de condenar. Nem o plenário nem o conselho conseguem me condenar. Saio daqui muito feliz", disse o pefelista.
As duas sessões foram marcadas por tensão, constrangimento e o choro da conselheira Ann Pontes (PMDB-PA). "Nós não pedimos para estar aqui", afirmou a deputada, ao votar pela cassação de Luizinho. "Não existe meio decoro nem meia pena. Consternado, voto com o relator", disse o deputado Júlio Delgado (PSB-MG).
Na sessão que condenou Roberto Brant, o relator do processo, Nelson Trad (PMDB-MS), revoltou-se contra o discurso do líder tucano Alberto Goldman (SP) em favor do pefelista, pediu a palavra, mas não foi atendido pelo presidente Ricardo Izar. Trad teve uma dura discussão com o líder do PFL, Rodrigo Maia (RJ). "Houve aproveitamento e oportunismo, o deputado Goldman tem horror que os outros pensem diferente dele", disse Trad. "Que brincadeira é essa? O senhor não é melhor que ninguém. O deputado Goldman expressou sua opinião", reagiu Maia. Trad, sem direito oficial à réplica, teve tempo apenas de encerrar: "Vossa Excelência manda em sua bancada, aqui não!