Brasília (AE) – A revelação feita pelo deputado Francisco Gonçalves Filho (PTB-MG), de que viu um homem com uma maleta de dinheiro conversando com um grupo de quatro ou cinco deputados no fundo do plenário da Câmara, entre fevereiro e março de 2004, é mais uma evidência de que são reais as denúncias sobre o pagamento de mesada a parlamentares da base de apoio ao governo.
A opinião é do líder da minoria na Câmara, José Carlos Aleluia (PFL-BA). "São claras as evidências de que foi montado um sistema do Executivo para corromper os deputados", disse. Para ele, a informação do deputado Dr. Francisco é importante nas investigações do chamado "mensalão". "Há um mosaico e que, aos poucos, vai ficando com sua forma definida", comentou. "A situação é grave e a cada momento surgem novas informações que reforçam a existência de um esquema de corrupção. A única solução é que, de fato, seja feita uma rigorosa apuração", defendeu Aleluia.
O líder do PFL na Câmara, Rodrigo Maia (RJ), disse que vê com preocupação a declaração do deputado Dr. Francisco. "Espero que ele esteja equivocado. A situação já está muito ruim e não é possível conceber que um homem tenha a coragem de ir à Câmara com uma mala cheia de dinheiro", afirmou.
"Seria muita coragem do governo, muita ousadia botar alguém com uma maleta de dinheiro no plenário", prosseguiu o pefelista. Maia, porém, ressaltou que é preciso haver cuidado nas investigações e destacou que cada informação tem de ser devidamente checada. "Acho que não custaria nada ele (Dr. Francisco) ir depor na Câmara e detalhar o que presenciou", observou.
O deputado Eduardo Paes (PSDB-RJ), um dos membros da CPI dos Correios, defendeu hoje (23) que o Dr. Francisco deponha na Conselho de Ética da Câmara. "É fundamental que ele detalhe, agora, o que presenciou." Na avaliação de Eduardo Paes, com o surgimento, a cada dia, de novas informações sobre o pagamento de mesada a parlamentares "não há dúvida que vai se comprovando que as informações (sobre a existência do esquema) são verdadeiras". E acrescentou: "A pior coisa para o Congresso é que fiquem esses boatos. É preciso apuração e esclarecimento."