Deputado João Correia nega acordo com família Vedoin

Brasília – O deputado João Correia (PMDB-AC) afirmou nesta quarta-feira (8), no Conselho de Ética da Câmara, que não fez acordo com a família Vedoin para recebimento de propina em troca da apresentação de emendas para a área de saúde. "Não fiz qualquer acordo com os Vedoins para o recebimento de propina. Os Vedoins mentiram", disse Correia.

Ele foi acusado de receber propina pelo empresário Luiz Antonio Vedoin, sócio da Planam, empresa que comandava o esquema de venda superfaturada de ambulâncias com recursos do Orçamento. Por essa acusação, o parlamentar responde a processo de cassação no Conselho de Ética.

Em depoimentos na Polícia Federal, e ontem (7), no Conselho de Ética, Vedoin afirmou que, em janeiro deste ano, entregou pessoalmente a João Correia R$ 12 mil em espécie, no gabinete do deputado. O parlamentar, que ontem rebateu Vedoin, durante depoimento do empresário no Conselho, reafirmou nesta quarta-feira que não recebeu propina e disse que está sendo acusado injustamente. Correia lembrou que, desde maio, tenta se defender das acusações de Vedoin e que só hoje pôde rebater as acusações do empresário.

O parlamentar negou também que tenha se encontrado com Vedoin em janeiro deste ano. Segundo ele, Vedoin foi transformado em um ícone e parece ser o dono da verdade, acusando a quem quer, sem qualquer punição. "Luiz Vedoin é um farsante, um falsário, um bandido e um mentiroso. Nunca nos reunimos para tratar de propina. Conversamos sobre os ônibus de inclusão digital, algumas vezes".

João Correia disse que só apresentou emendas ao Orçamento para a área da saúde por determinação da legislação. Segundo ele, os recursos dessas emendas foram destinados a prefeituras administradas por adversários políticos seus no estado do Acre. "Nunca nem sequer pleiteei no Ministério da Saúde a liberação desses recursos", afirmou o deputado. Ele disse que, ao ser envolvido com o esquema das ambulâncias, sua carreira política sofreu um impacto e sua honra foi abalada, mas ressaltou que vai provar sua inocência.

Ele informou que, em 2005, chegou a apresentar duas emendas para inclusão digital, no valor de R$ 400 mil cada, mas  nenhuma delas chegou a ser empenhada ou teve os recursos liberados. Durante o depoimento, diversos integrantes do  Conselho de Ética manifestaram solidariedade e apoio a Correia, afirmando que não há provas contra ele nos documentos apresentados pela Comissão Parlamentar Mista de Inquérito dos Sanguessuagas. Segundo eles, existem apenas os depoimentos de Vedoin, que o acusa sem provas.

Ao término do depoimentos, o presidente do conselho, Ricardo Izar (PTB-SP), informou que uma das maiores reclamações dos relatores dos 67 processos contra os deputados em análise no colegiado é a faltas de provas contra os investigados. "O que os relatores estão reclamando demais é que a CPMI dos Sanguessuagas encaminhou para cá casos que não deveriam ser encaminhados, de parlamentares que não têm nada a ver com esse episódio das ambulâncias. Muitos processos não deveriam estar aqui no conselho", afirmou Izar.

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