Mais de 24 horas depois de ter iniciado sua greve de fome, o deputado Paulo Mourão (PSDB-TO) ganhou um reforço à sua campanha do candidato derrotado ao governo de Tocantins, Freire Júnior (PMDB), que ficou ao seu lado boa parte do dia desta quarta-feira.

Ambos defendem a criação de uma comissão externa para investigar denúncias de irregularidades e fraudes nas eleições no Estado e que o Tribunal Superior Eleitoral envie observadores para região. Após passar a noite sentado no plenário da Câmara e tomando apenas água, Mourão disse que não recuará até ser atendido. ?O governador de Tocantins, Siqueira Campos (PFL), não aceita oposição a ele?, disse. Mourão foi derrotado na última eleição, conseguindo apenas ser eleito como suplente.

Segundo ele, Siqueira Campos atrapalhou sua campanha, favorecendo seus adversários e usando ilegalmente os espaços nos canais de rádio e televisão. De acordo com o deputado, o filho do governador, o senador Eduardo Siqueira Campos (PSDB), que comanda a direção do PSDB regional, foi responsável por um ?boicote? contra sua candidatura.

Freire Júnior engrossou o coro contra o governador. ?É necessário que o TSE faça uma intervenção branca no Tribunal Regional Eleitoral de Tocantins, do jeito que está não pode continuar. Se nada ocorrer, eu também faço greve de fome?, ameaçou. O protesto de Mourão fez com que o presidente da Câmara, Aécio Neves (PSDB-MG), encaminhasse o pedido para criação de uma comissão externa e o envio de observadores para Tocantins ao presidente do TSE, Nelson Jobim.

Houve solidariedade também de vários parlamentares, entre eles o deputados Crescêncio Pereira Júnior (PFL-CE), do partido de Siqueira Campos, e Wilson Santos (PSDB-MT). Tocantins foi criado na Constituição de 1988, após uma intensa campanha do então senador por Goiás Siqueira Campos, que se tornou o primeiro governador do Estado e depois se elegeu mais duas vezes.

De lá para cá, ele mantém o controle total da vida política na região, elegendo no primeiro turno com ampla margem de votos seu candidato Marcelo Miranda, além disso garantiu apoio de 134 prefeitos, do total de 139 do Estado.

Para o deputado em greve de fome, a situação política de Tocantins deve ser vista pelo resto do país, por isso não marcou data para acabar com o protesto nem mesmo diante do alerta dos médicos sobre os riscos que corre por causa de uma doença degenerativa e que pode ser agravada, se continuar sem comer. ?Eles (os médicos) me mandaram tomar bastante água e caminhar pelo plenário, além disso estão sempre vindo aqui me examinar. Está tudo em ordem?, disse Mourão.

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