Brasília (AE) – O deputado Romeu Queiroz (PTB-MG) poderá ser absolvido ou receber uma pena branda, como advertência ou suspensão temporária do mandato. "Para nós ficou a impressão de que o deputado Queiroz não se beneficiou de nenhum centavo do dinheiro que diz ter recebido do PT e de doações, como a da Usiminas", disse o Josias Quintal (PSB-RJ), relator do processo por quebra de decoro contra Queiroz no Conselho de Ética.
Queiroz depôs hoje. Disse que dois de seus assessores receberam R$ 350 mil do PT, por intermédio do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, e que o dinheiro imediatamente foi entregue ao diretório nacional do PTB. E que na eleição do ano passado foi avisado por Cristiano Paz, sócio de Marcos Valério, de que havia um crédito da Usiminas de R$ 150 mil para a campanha do PTB, partido do qual é presidente em Minas Gerais. Desse valor, recebeu R$ 102.812,76. "Esse dinheiro foi inteiramente repassado a candidatos de 20 municípios mineiros".
Queiroz enumerou todos os municípios e mostrou o original das transferências bancárias feitas a todos os destinatários. Disse ainda que foi a direção nacional do partido quem o orientou para quais candidatos mandar os recursos. No depoimento, Queiroz não soube dizer se o dinheiro era de caixa 2 ou não. Mas opinou que deveria ser, porque não sabe se foi feita alguma prestação de contas.
Para o relator Josias Quintal, será preciso saber dos tribunais eleitorais se o dinheiro foi ou não contabilizado. Isso vai orientá-lo na hora de propor a pena. Mas dificilmente será a de cassação do mandato, porque Romeu Queiroz deixou em todos a impressão de que simplesmente serviu de intermediário para o repasse do dinheiro, por ser o presidente do PTB mineiro. "Não pus um centavo desse dinheiro no bolso", afirmou ele.
Indagado se não sabia que aquele dinheiro tinha origem irregular, respondeu: "O PT era tido como o partido mais sério e honesto desse País. Por que duvidaria de um dinheiro com origem no PT?" Ele afirmou ainda que as empresas de Marcos Valério não só eram as maiores da área de publicidade de Minas Gerais, como estavam entre as gigantes do Brasil. Portanto, receber dinheiro delas não chamou sua atenção.
Ao contrário de outros parlamentares que foram apontados pelas CPIs dos Correios e da Compra de Votos como beneficiários do mensalão, que tentam a todo custo postergar o andamento do processo no Conselho de Ética, Romeu Queiroz pediu rapidez na sua ação. "Se eu fosse um criminoso comum, ficaria 10 anos na cadeia e depois sairia. Mas acabei por ficar numa situação em que vivo constrangido, minha família também. Vou pagar por toda a minha vida". Queiroz também não se queixou de cerceamento da defesa, como fazem todos os outros. "Tive todo o direito de me defender. Não posso reclamar", disse ele.
Entre os que fizeram perguntas a ele, muitos procuraram dizer que guardaram uma boa impressão do depoimento. "Tenho certeza de sua honestidade", disse o deputado Edmar Moreira (PTB-MG). "Atesto que o conheço há 30 anos e nunca soube de alguma coisa que o comprometesse", emendou o deputado José Militão (PTB-MG).
