Deposição de cacique põe aldeia em pé de guerra no Paraná

A reserva indígena Rio das Cobras, em Novas Laranjeiras, sudoeste do Paraná, está em clima de guerra – e o homem branco não é o culpado desta vez.

Partidários do cacique Silvio Kaghin Fernandes estão mobilizados para impedir que seja posta em prática a decisão do Conselho Indígena Regional de Guarapuava que, na terça-feira, o destituiu do cargo.

Seu filho e representante da Fundação Nacional do Índio (Funai) na reserva, Florêncio Rekayk Fernandes, garante que, se for necessário, os simpatizantes do cacique deposto irão pegar em armas para defendê-lo. Eles temem que a Polícia Federal vá até a aldeia – habitada por guaranis e caingangues – para prender o cacique, que é acusado de ordenar o espancamento de um grupo que tentou matá-lo. A Polícia Federal esteve na aldeia na tarde de hoje (20), mas apenas para se inteirar da situação, segundo moradores do local. Não houve confronto.

Em declarações a um jornal de Cascavel, Florêncio afirmou que seu pai foi vítima, na madrugada de sábado cerca de 15 índios que estavam desgostosos com o comando do cacique invadiram sua casa para matá-lo. Segundo ele, Silvio Fernandes escapou porque estava viajando, mas alguns de seus familiares foram espancados pelos atacantes que, em seguida, saquearam o escritório e o posto de saúde do local e ainda libertaram vários índios que estavam detidos na prisão da aldeia.

Na manhã seguinte os rebelados foram punidos, mas por decisão de vários líderes da aldeia e sem a participação do cacique, segundo Florêncio. A punição aos rebelados foi o motivo que levou à deposição do cacique. Os índios agredidos foram retirados da aldeia pela Funai.

Os índios simpatizantes do cacique depostos acusam o vereador Neoli Olíbio, de Nova Laranjeiras, de ter ordenado o seu assassinato. Olíbio foi cacique da reserva de Rios das Cobras e agora é o responsável pela reserva de Passo Liso. Ele esteve hoje (20) na Polícia Federal para pedir proteção. A Agência Estado procurou o representante da Funai em Guarapuava, responsável pela supervisão da reserva de Rio das Cobras, mas ele não estava.

Fazendeiros

Em Abatiá, no norte do Estado, fazendeiros pediram proteção à Polícia Federal porque, segundo eles, estão sendo ameaçados pelos índios que invadiram uma fazenda há cerca de 45 dias. Os índios, por sua vez, afirmam que as ameaças partem dos fazendeiros – que admitem ter contratado seguranças. A fazenda foi invadida por 60 famílias que viviam na reserva de Laranjinha.

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