O candidato à vaga na cúpula do BC é um velho conhecido dos diretores da instituição. Juntamente com o atual diretor de Assuntos Internacionais, Alexandre Schwartsman, ele integrou o “grupo de Fátima”, uma seleta lista de economistas com acesso privilegiado a diretores do BC para debater a conjuntura da economia. Ao contrário dos encontros que o BC mantém periodicamente com representantes do mercado e de instituições financeiras, que são divulgados publicamente, essas reuniões eram cercadas de sigilo. Daí a origem do apelido do grupo, cunhado pelos seus próprios integrantes – na verdade, uma alusão ao terceiro segredo da aparição da Virgem Maria na cidade de Fátima, em Portugal, e que ficou desconhecido por mais de 80 anos.
O objetivo desses encontros, segundo seus próprios participantes, era tentar coordenar as expectativas dos agentes econômicos em relação aos indicadores da economia brasileira. O problema é que o BC há anos realiza trimestralmente, com essa mesma finalidade, debates amplos com mais de 100 economistas de instituições que participam das pesquisas semanais da autoridade monetária. Além disso, os diretores do BC também costumam receber representantes de bancos e de consultorias em audiências eventuais que constam das suas agendas. Com o caráter mais informal, os encontros do “grupo de Fátima”, segundo relato de participantes, já chegou a ser realizado até nas próprias instituições financeiras. O fato de essas reuniões terem ganhado destaque na imprensa irritou o comando do BC, que exigiu retratação pública de alguns dos participantes.
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