A CPI dos Sanguessugas recebeu hoje depoimento de 151 páginas do empresário Luiz Antônio Vedoin, um dos donos da Planam, principal empresa do esquema de compra superfaturada de ambulância com dinheiro do Orçamento. Ele revela com detalhes a participação de parlamentares na fraude. O depoimento será a principal referência da CPI para elaboração de seu relatório final.
A CPI também recebeu seis pastas com as cópias de toda a documentação entregue por Vedoin à Justiça Federal do Mato Grosso. Trata-se, na maior parte dos casos, de recibos de depósito em conta corrente ou documentos similares referentes ao pagamento de propina a parlamentares em troca da inscrição de emendas orçamentárias destinadas a alimentar o esquema. A documentação está organizada pelo nome do parlamentar envolvido. Um emissário da comissão foi a Cuiabá buscar o material das mãos do juiz da 2ª Vara Federal de Mato Grosso, Jeferson Schneider, que preside o caso. O lacre do pacote de documentos foi aberto diante das câmeras.
Além do depoimento de Vedoin, a comissão conta com a documentação da Procuradoria Geral da República (PGR) que pede a investigação de 57 parlamentares suspeitos de envolvimento no esquema (15 deles já respondem a inquérito formal, aberto pelo Supremo Tribunal Federal), os grampos telefônicos e os documentos apreendidos pela Polícia Federal. "A CPI já possui documentação suficiente", declarou o deputado Antônio Biscaia (PT-RJ).
Homem-chave
Luiz Antônio Vedoin tinha uma função chave dentro do esquema: cuidava da administração financeira. Ele decidiu falar tudo o que sabe à Justiça em troca de redução da pena e revogação de sua prisão. Vedoin descreveu com detalhes todas as relações do esquema no Congresso Nacional, o envolvimento de prefeitos, fez referência a outros esquemas de venda de emendas existentes no Congresso Nacional e ainda apresentou documentos que apontariam pagamento de supostas propinas a aproximadamente 50 parlamentares.
A CPI já notificou os 15 deputados que respondem a inquérito no STF. Todos tinham seus nomes registrados no livro-caixa da Planam. Nove deputados apresentaram defesa. Os seis restantes pediram mais prazo para fazê-lo. Ganharam mais cinco dias. Todos os 57 apontados pela PGR serão notificados para apresentar explicações nos próximos dias.