Já está nas mãos do corregedor da Câmara, deputado Ciro Nogueira (PP-PI), a representação do Ministério Público de São Paulo contra o deputado José Mentor (PT-SP) por suposto crime de extorsão ou corrupção passiva. A representação da Promotoria de Justiça da Cidadania da Capital, encaminhada pelo procurador-geral de Justiça de São Paulo, Rodrigo César Rebello Pinho, foi motivada pelo depoimento do doleiro Richard Andrew de Mol Van Otterloo
que contou aos procuradores que pagou R$ 300 mil de propina a Mentor, que foi relator da CPMI do Banestado (2003/2004), para que o parlamentar não incluísse o seu nome no relatório final.
No depoimento, o doleiro contou que procurou o intermediário de Mentor por orientação de Flávio Maluf, filho do ex-prefeito Paulo Maluf, que temia que a CPMI descobrisse suas ligações com o doleiro. Otterloo afirmou que pagou os R$ 300 mil em dinheiro em um flat em São Paulo e disse que recebeu antecipadamente, em disquete, o relatório final da CPMI provando que não havia o seu nome nas conclusões do trabalho da comissão. Mentor sustenta que nunca recebeu dinheiro do doleiro.
O corregedor deverá notificar Mentor da representação e abrir o prazo de cinco sessões para que o deputado apresente sua defesa. Mentor foi absolvido na semana passada pelo plenário da Câmara da acusação de ter se beneficiado com o esquema do mensalão. Faltaram 16 votos para o deputado perder o mandato. Mentor recebeu R$ 120 mil das contas de empresa de Marcos Valério Fernandes de Souza. O deputado argumenta que o dinheiro foi recebido como pagamento de consultoria prestada pelo seu escritório de advocacia, José Mentor, Pereira Mello e Souza a empresa de Rogério Tolentino, sócio de Marcos Valério.
