Brasília (AE) – Embora tenha assumido a autoria do esquema de caixa 2 nas campanhas do PT e de partidos aliados, o ex-tesoureiro petista Delúbio Soares irritou a CPI do Mensalão ao dizer que não sabia como os recursos chegavam às mãos dos beneficiados. Ele afirmou não saber, por exemplo, que o publicitário Duda Mendonça recebeu mais de R$ 10 milhões em uma conta bancária aberta nas Bahamas.

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"Eles se acertavam. O Duda cobrava. (Sobre) a forma de pagamento era entre eles (Duda e Valério), não tenho responsabilidade." Mas o ex-tesoureiro reconheceu que "parte da dívida com Duda foi quitada com recursos não contabilizados". Em suas contas, cerca de R$ 9 milhões foram pagos "por fora".

Delúbio repetiu diversas vezes que não fez nenhuma anotação sobre as movimentações ilegais: "Não fiz a famosa caderneta paralela." Também disse desconhecer que o PL recebia os recursos através da empresa Guaranhuns e que os recursos do PP passavam pela corretora Bônus Banval.

O deputado Moroni Torgan (PFL-CE) lembrou que o crime que ele confessava (ao assumir a distribuição de dinheiro não declarado nem à Justiça Eleitoral nem à Receita Federal) não é meramente eleitoral. "Não é um problema de caixa 2. É crime contra o sistema financeiro, que dá de um a cinco anos de cadeia e contra a legislação tributária, que são mais dois a seis anos de cadeia", citou o parlamentar. Delúbio assumiu a ilegalidade e disse que vai responder judicialmente pelos erros.

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