O ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares, reafirmou, nesta quinta-feira, que os empréstimos feitos pelo empresário Marcos Valério não foram utilizados para o pagamento da campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Segundo ele, o dinheiro "não contabilizado", o chamado caixa 2, foi utilizado para quitar débitos dos diretórios regionais do PT e de partidos da base aliada.
Delúbio afirmou que "a campanha nacional não teve problemas", como ocorreu nas estaduais. "Várias despesas dos diretórios regionais e dos partidos aliados só puderam ser quitadas em 2003", disse. Segundo ele, não foi utilizado dinheiro público para o pagamento dessas dívidas.
O ex-tesoureiro afirmou também que Marcos Valério não foi beneficiado em contratos de publicidade do governo. "Nunca pedi a ninguém do governo editasse algum contrato com Marcos Valério ou com suas empresas". Segundo Delúbio, a intenção do publicitário em realizar os empréstimos era ampliar os negócios. "Marcos Valério tinha a intenção de ser um publicitário de marketing eleitoral", afirmou.
Delúbio disse ainda que a direção do partido sabia da existência das dívidas dos diretórios regionais, mas não sabia como os débitos seriam pagos. Delúbio, mais uma vez, assumiu a responsabilidade pela negociação dos empréstimos com Marcos Valério. Perguntado sobre como os empréstimos serão pagos ao empresário, o ex-tesoureiro afirmou: "É uma solução que tem que ser trabalhada com a nova direção do PT".
Ele também disse que foi feito um acordo eleitoral para o repasse de R$ 10 milhões ao PL para o pagamento de dívidas de campanha. "Seria 25% do orçamento da campanha nacional", disse. E declarou não saber do suposto esquema de pagamento de mesadas a parlamentares em troca de apoio ao governo – o chamado "mensalão". "Não participei de nenhum debate sobre as votações do Congresso Nacional".
No início de seu depoimento, ele negou que o PT tenha participado do mensalão. "O Partido dos Trabalhadores nunca comprou deputados, nunca comprou votos, nunca ofereceu recursos para alguém votar de maneira A ou B".
Delúbio afirmou ainda que foi a Portugal apenas uma vez, em 1992, e disse não saber se Marcos Valério se apresentava como representante do PT aos dirigentes da Portugal Telecom. O ex-tesoureiro declarou que o PT "nunca mandou ou recebeu dinheiro de fora do país".
Delúbio depõe desde 9h30 na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da Compra de Votos.