Em depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da Compra de Votos, o ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares, afirmou que não tratou com integrantes do governo ou ministros sobre a doação de recursos para partidos aliados.
Delúbio afirmou que decidia como seriam feitos os pagamentos das dívidas de campanha do PT e que o empresário Marcos Valério executava as ordens.
Delúbio disse ainda que o ex-presidente do PT, José Genoino, sabia das dificuldades financeiras enfrentadas pelo partido, mas ordenava que o ex-tesoureiro resolvesse. Segundo ele, Genoino era "apenas comunicado de que o problema estava resolvido".
Em relação à entrevista do presidente do PL, ex-deputado Valdemar Costa Neto, à revista Época, Delúbio falou que a entrevista retrata "um pouco a realidade, mas tem exageros".
A revista Época publicou uma entrevista na qual Costa Neto afirma que em junho de 2002 fechou um acordo com o então presidente do PT, deputado José Dirceu (PT-SP), e Delúbio Soares para receber R$ 10 milhões. Esse dinheiro, segundo Valdemar, garantiria o apoio do PL na chapa que concorreu à presidência da República e seria usado para financiar campanhas do partido. Na entrevista, Valdemar afirma que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o vice-presidente José Alencar sabiam das negociações.
Delúbio também afirmou aos parlamentares que as despesas para a festa da posse do presidente Lula foram pagas com recursos do PT e o restante foi quitado através de dois empréstimos bancários.
Questionado pelo senador Leonel Pavan (PSDB-SC) sobre a amizade com Lula, Delúbio respondeu que foi coordenador das campanhas presidenciais de Lula por três vezes e disse gostar muito do presidente. "Se ele é meu amigo, ele é quem tem que falar", respondeu.