Brasília (AE) – Os ex-secretários nacional de Finanças e Planejamento do PT Delúbio Soares e geral Sílvio Pereira deixaram de ir, pela terceira vez, à Comissão de Sindicância da Câmara na qual seriam ouvidos sobre uma eventual participação no esquema do "mensalão" e desvio de dinheiro em órgãos públicos.
Delúbio e Pereira enviaram ofício no qual afirmam que, a respeito dos "fatos e análises" da comissão, manifestaram-se nos depoimentos que prestaram à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Correios.
O teor dos documentos enviados à comissão por eles são idênticos. A única diferença diz respeito ao dia em que Delúbio e Pereira compareceram à CPI.
Enquanto o ex-secretário-geral do PT prestou depoimento no dia 19, o ex-secretário nacional de Finanças e Planejamento do PT foi ouvido no dia seguinte (20). Os ofícios foram encaminhados à comissão por fax, remetidos do mesmo lugar, a papelaria Papelão, com sede em São Paulo. As duas folhas foram enviadas à Câmara às 14h38 de ontem (02).
"Realmente, foi um papelão o que eles fizeram", afirmou um dos integrantes da comissão de sindicância, ao reclamar da ausência de Delúbio e Pereira. Relator da comissão, o deputado Robson Tuma (PFL-SP) fez um apelo para que os ex-dirigentes do PT compareçam para prestar esclarecimentos. A Comissão de Sindicância não tem poder de convocação, apenas de convite.
Tuma informou que enviará um novo ofício ao ex-secretário-geral e ao ex-secretário nacional de Finanças e Planejamento convidando-os, novamente, para depor.
"Mais uma vez, eles não quiseram vir. Só não aparece quem tem medo da verdade", reagiu Tuma ao comentar a ausência deles.
"Eu espero que eles mostrem ao País que estão preocupados com a verdade. Faço aqui um apelo público para que eles venham à Comissão de Sindicância", disse o deputado e relator dos trabalhos.
Dos petistas esperados hoje pela comissão, apenas ex-secretário de Comunicação do partido Marcelo Sereno compareceu. A portas fechadas, falou por cerca de 15 minutos.
Chegou e saiu sem dar entrevistas à imprensa. Sereno confirmou que participou de reuniões com outros dirigentes do partido na sede do PT em Brasília. Em algumas delas, relatou o ex-secretário de Comunicação, esteve presente o deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ). Sereno disse ainda desconhecer o "mensalão", segundo a reportagem apurou.
Segundo o ex-secretário de Comunicação do PT disse aos integrantes da comissão, as reuniões tinham como objetivo tratar de acordos políticos, e não financeiros. Nunca se tratou de apoio, segundo Sereno, em troca de recursos financeiros.
Além de Sereno, também prestou depoimento hoje à comissão de sindicância o deputado Mário Heringer (PDT-MG). Ele foi ouvido por ter testemunhado, segundo noticiou a revista "Época", conversa sobre pagamento de propina num órgão público. O depoimento do pedetista também durou cerca de 15 minutos.
Amanhã (04), os integrantes da comissão devem ouvir, a partir das 10 horas, ex-funcionários dos Correios: um da área técnica e outro da administrativa.
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