O ex-tesoureiro do Partido dos Trabalhadores,Delúbio Soares, iniciou há pouco seu depoimento à CPI Mista dos Correios, em Brasília. Na primeira declaração aos parlamentares componentes da comissão, Delúbio afirmou que comparece à CPI para "poder explicar os fatos". Em seguida, fez um breve resumo de sua carreira profissional e política, inclusive citando sua participação na fundação do PT e da Central Única dos Trabalhadores (CUT).
Delúbio é um dos acusados pelo deputado federal Roberto Jefferson (PTB-RJ) de participar do suposto esquema de "mensalão" a parlamentares. No depoimento de hoje, o mais aguardado da semana, ele está protegido por um habeas-corpus que impede uma eventual prisão e lhe permite esquivar-se de perguntas.
Desde que Jefferson envolveu dirigentes do PT nas denúncias sobre o "mensalão", Delúbio vem negando a existência do esquema de corrupção, mas já admitiu à Polícia Federal que o empresário Marcos Valério, acusado de ser o operador do esquema, foi avalista em um empréstimo ao PT realizado pelo Banco Rural. No final de semana, em entrevista à TV Globo, o ex-tesoureiro admitiu a existência de caixa 2 no PT, o que agravou sua situação dentro da legenda.
Ontem, durante reunião da Executiva Nacional petista, Delúbio escapou de ser suspenso por 60 dias de suas atividades partidárias. A punição foi proposta pelas tendências de centro e esquerda do PT, mas teve apoio de apenas 7 dos 18 presentes no encontro, sendo que era necessária a aprovação por três quartos dos votos.
A Comissão de Ética do PT deve ouvir Delúbio e o ex-secretário-geral Silvio Pereira no último final de semana deste mês (dias 30 e 31). Ainda não foi definido quem será ouvido em qual dia. A Executiva do partido fixou um prazo de 60 dias para que a comissão petista conclua seu trabalho.
A Executiva Nacional do PT informou ontem que a dívida do partido é de cerca R$ 39 milhões. Esse valor não engloba os empréstimos contraídos informalmente pelo ex-tesoureiro da legenda com Valério.
