O ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares, afirmou, nesta quinta-feira, que faz parte de sua personalidade "não delatar ninguém". A declaração foi dada depois que um dos membros da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da Compra de Votos perguntou o que ele achava da afirmação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no último pronunciamento, de se sentir traído.
Delúbio disse que é um admirador do presidente Lula e se considera uma pessoa fiel. "Eu não costumo, e faz parte da minha integridade, não delatar ninguém e nem questionar a opinião das pessoas", afirmou o ex-tesoureiro.
O relator da CPMI, deputado Ibrahim Abi-Ackel (PP-MG), não considerou negativa a declaração de Delúbio Soares. "Eu acho isso até positivo. O fato dele não querer delatar é um trato da personalidade dele", afirmou. Assim como fez no depoimento na CPMI dos Correios, Delúbio não quis dizer o nome de todas as pessoas que teriam dívidas com o PT e receberam recursos do empresário Marcos Valério.
"Como investigado, reservo ao direito de não cometer nenhuma injustiça, nem com nomes nem com numerários", declarou o ex-tesoureiro. Durante o depoimento, Delúbio disse ainda não lembrar o valor exato pago ao publicitário Duda Mendonça por Marcos Valeiro. "Vou verificar, não tenho o número de cabeça".
O deputado Ibrahim Abi-Ackel disse considerar importante a recusa do ex-tesoureiro em responder algumas perguntas. "O interrogatório foi organizado no sentido de ver o que o sr. Delúbio teme. Que ele não ia contribuir nós sabíamos. Agora foi mapeado um caminho para nós identificarmos onde o sr. Delúbio não quer pisar. E onde ele não quer pisar é exatamente onde nós vamos pisar", afirmou o relator.
O deputado afirmou que o mais importante é descobrir a origem do dinheiro dos empréstimos. "Eu não acredito que o sr. Marcos Valério tenha dado de presente ao sr. Delúbio Soares R$ 58 milhões. Porque emprestar R$ 58 milhões sem qualquer garantia significa presenteá-lo com essa quantia".