Não existe possibilidade, para a delegada de polícia Cíntia Tucunduva Gomes, que investigou o caso Richthofen, de Daniel Cravinhos ter matado Manfred e Marísia sozinho, como ele sustentou em seu depoimento. "A brutalidade não permitia que Manfred fosse morto sem que Marísia acordasse", afirmou. "Nunca tinha visto nada igual e hoje, ainda trabalhando com homicídios, continuo sem ter visto nada igual.
Cíntia foi arrolada como testemunha do Ministério Público. Relatou não só todos os passos do inquérito, mas também suas impressões sobre o comportamento dos réus. Segundo ela, Suzane jamais demonstrou qualquer emoção, a não ser durante as "cenas românticas", algumas "cinematográficas", que vivia com Daniel. "Eles estavam muito apaixonados e até felizes", contou. Nem mesmo quando lhe foram mostradas as fotos dos pais com os rostos desfigurados ela reagiu. "Isso não é normal", comentou.
A frieza era tamanha, afirmou, que ela se preocupou com a aparência quando foi chamada, na delegacia, para ser fotografada (procedimento padrão). "Ela ajeitou o cabelo e perguntou ao Daniel: ‘estou bem?’" Já Daniel, disse Cíntia, se mostrou transtornado em vários momentos, especialmente na reconstituição do crime, na casa dos Richthofen. O momento de maior tensão para ele foi o da simulação dos golpes desferidos em Manfred. "Depois de simular o que havia feito, ele tremeu tanto, passou tão mal, que a gente teve de levá-lo ao banheiro, para se recompor.
Ela contou ainda que foi à casa no dia seguinte ao enterro das vítimas e encontrou uma Suzane de biquíni, relaxando na piscina. Neste ponto do depoimento, Suzane, que se mantinha imóvel, sem mudar de posição nenhum centímetro, balançou a cabeça em negativa – o que se repetiu em outros momentos do relato. A delegada desmontou o perfil da jovem defendido por seus advogados: o de uma garotinha ingênua, levada ao crime por Daniel. "Ela queria dominar a situação, manipular. Nunca disse que era dominada por ele.