Delegacia flagra caçadores de pássaros em Curitiba

A Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente prendeu, no domingo (15), dois caçadores de pássaros silvestres. Com eles foram apreendidos três animais, além de uma fêmea de sabiá usada como isca e apetrechos de caça. O que mais chamou a atenção do delegado Wilciomar Voltaire foi o estado da fêmea, que está cega. ?Os caçadores cegam os pássaros para que eles cantem mais e sejam usados para atrair outros. Isso é uma crueldade sem tamanho?, lamentou o titular da Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente.

Segundo o delegado, a sabiá está tão maltratada que não consegue nem mesmo sair do piso da gaiola onde está confinada. ?Infelizmente são freqüentes estes métodos entre os caçadores?, disse ele. As prisões de Osmar, 36 anos, e Wilian, 23,  foram feitas quando eles estavam caçando no bairro Sítio Cercado, na periferia de Curitiba. Eles vão responder a termo circunstanciado de infração penal por maus-tratos a animais e pela caça de animais silvestres. A dupla foi ouvida, liberada e agora deverá comparecer à audiência em juízo.

A fêmea de sabiá era o ?chama?, gíria usada por caçadores para atrair animais soltos na natureza. Ela tinha atraído três tico-ticos, que estavam em dois alçapões. Outro ?instrumento? apreendido pela Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente foi um ?visgo?. ?É uma vareta coberta com cola, que eles colocam próximo da gaiola onde está o ?chama?. Quando o animal põe os pés ali fica colado e é capturado e colocado em gaiolas?, disse Voltaire. A ?cola?, segundo ele, é feita com líquido parecido com goma, encontrado em algumas árvores, ou com cola de sapateiro.

De acordo com o delegado, quando consegue se livrar do ?visgo? o animal que tinha pousado ali fica com restos de cola nos pés, o que pode fazer com que morra por não conseguir se soltar, por exemplo, de um outro galho de árvore. ?Isso tudo é proibido. Maus-tratos a qualquer animal é uma crueldade que todos devemos combater ou denunciar. Essas práticas não podem ser aceitas?, disse Voltaire. ?Não se pode admitir que alguém cegue um animal com um instrumento que queime os olhos ou use o ?visgo? para imobilizar um pássaro?, falou o delegado.

Venda

Voltaire explicou que muitos caçadores são, na verdade, atravessadores, que capturam pássaros silvestres para vender. Algumas espécies, como o pássaro preto ou o curió chegam a valer R$ 10 mil no mercado negro. Conforme o delegado, animais em extinção ou silvestres só podem ser criados em cativeiro com autorização do Ibama. Com a autorização, que é renovada conforme o tipo de animal a ser criado, os criadores são submetidos a fiscalizações e devem providenciar locais adequados para manter os bichos em condições nas quais eles não sejam maltratados.

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