O sistema Integração Lavoura-Pecuária foi apresentado esta semana, por pesquisadores da Embrapa Cerrados, aos representantes do Ministério da Agricultura da República Popular da China, como uma alternativa eficiente e sustentável para aumentar a produtividade de alimentos, preservando o meio ambiente.
O chefe-geral da Embrapa Cerrados, Roberto Teixeira Alves, em sua apresentação geral sobre as pesquisas desenvolvidas pela unidade, enfatizou a preocupação de se produzir alimentos no bioma cerrado sem prejudicar os recursos naturais
Alves apresentou aos visitantes uma estimativa de que 139 milhões de hectares do cerrado poderiam ser usados para agricultura e pecuária. No entanto, não há necessidade de abrir novas fronteiras se as áreas já utilizadas forem melhor aproveitadas. Atualmente, da área total de 207 milhões de hectares, 77,5 milhões de hectares são usados na agricultura e pastagens cultivadas.
O pesquisador Geraldo Bueno Martha Júnior destacou alguns dos benefícios do sistema Integração Lavoura-Pecuária, que consiste na implantação de diferentes sistemas produtivos de grãos, fibras, carne, leite e outros, na mesma área, em plantio consorciado, seqüencial ou rotacionado.
Entre os benefícios da Integração Lavoura-Pecuária está o ganho de peso por hectare. Enquanto que em um sistema tradicional, o ganho de peso é de até 300kg/ha/ano, na Integração Lavoura-Pecuária é de 900 a 1.200 kg/ha/ano.
O sistema também é uma alternativa para recuperar as pastagens. A estimativa é de que 60% a 70% das pastagens cultivadas no cerrado estejam em processo de degradação. A má conservação das pastagens leva a perda de produtividade e a maior infestação de plantas daninhas, entre outras conseqüências. Quanto maior o estágio de degradação da pastagem, maior o custo para recuperá-la e maior o impacto ambiental.
A Integração Lavoura-Pecuária também permite ao produtor novas oportunidades de negócios. O pesquisador Geraldo Martha citou o exemplo de um produtor de Uberlândia-MG que associou o cultivo de milho, na safra, ao boi, na safrinha. No período da seca, em que ele não ganharia nada se a produção fosse só de grãos, ele ganhou mais de R$ 400,00 por hectare colocando animais na mesma área.
A delegação da China – formada pelo vice-diretor do Ministério da Agricultura e de 12 representantes de várias províncias – teve a oportunidade de conhecer os experimentos de Integração Lavoura-Pecuária desenvolvidos pela Embrapa Cerrados. A visita foi acompanhada pelos pesquisadores Allan Kardec Braga Ramos, Alexandre Barcelos, Geraldo Martha; pelo chefe de comunicação e negócios, Gilberto Leite; e pelo chefe-geral Roberto Teixeira Alves.
Além das pesquisas relacionadas à pecuária, os chineses foram informados sobre os trabalhos desenvolvidos pelo Laboratório de Sensoriamento Remoto.
O pesquisador Heleno da Silva Bezerra citou alguns dos estudos feitos a partir de imagens do satélite CBERS, do Programa de Cooperação Brasil e China. Com as imagens dos satélites são feitos mapeamentos da vegetação do cerrado, mapeamento do uso da terra no Distrito Federal, monitoramento de queimadas e planejamento urbano.