O líder do PT no Senado e presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Correios, Delcídio Amaral, disse nesta segunda-feira, em São Paulo, que não vê nenhuma possibilidade de os trabalhos da CPI terminarem em pizza, sem punição para os parlamentares flagrados recebendo dinheiro, indevidamente e, o mais importante, na opinião dele, sem ser descoberta a origem desses recursos.
"Da parte da CPI dos Correios, pode ter certeza, não termina em pizza", disse. "Não acabará em pizza porque, se depender de mim, como diz o inglês, ‘no way’. É impossível que isso venha a acontecer", insistiu.
Amaral participou hoje de um almoço com a direção da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), ao qual a imprensa não teve acesso.
Ele também mostrou insatisfação com as manifestações feitas por alguns integrantes da CPI de que o processo investigatório poderá terminar sem punição para os culpados.
"Não acabará em pizza, a despeito de algumas pessoas que querem fazer farol, e fazem esse tipo de discurso, e não entendem que estão depreciando e desqualificando a própria CPI a que pertencem", opinou.
Amaral se disse surpreso, particularmente, com as declarações do deputado Antônio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA), que declarou considerar que ele é controlado pelo governo.
"Surpreendo-me com uma afirmação dessas. Primeiro, porque ele (ACM Neto) participa de todas as decisões da CPI. Até pelo meu espírito de conciliação, eu converso com o governo e com a oposição", disse.
"Agora, quem pauta minha agenda sou eu, não nenhum parlamentar." O encontro com a direção da Bovespa, afirmou, serviu para "trocar algumas idéias, aproveitar para fazer um relato rápido da CPI, do andamento dos trabalhos e conversar também um pouco sobre economia, projetos, infra-estrutura".
"Infelizmente, em função desse trabalho da CPI, fiquei meio distante dessa área empresarial, a qual sempre militei. Hoje, até também é uma necessidade de conversar um pouco e sentir o que eles estão pensando", justificou.