Brasília (AE) – O líder do PT e presidente da CPI dos Correios, senador Delcídio Amaral (MS), defendeu hoje (17) que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva aproveite a reforma ministerial para demitir o diretor de Gás e Energia da Petrobras Ildo Sauer. Em discurso na tribuna do Senado, Delcídio Amaral, que foi diretor da estatal no governo de Fernando Henrique Cardoso, chamou de "molecagem" de Ildo Sauer a denúncia de que ele teria dado prejuízo de R$ 2 bilhões quando era diretor de Gás e Energia da Petrobras. O líder afirmou ainda que a denúncia é "reflexo sublime do fogo amigo", ou seja, de filiados do PT.
"O maior adversário do PT não é a oposição. O maior adversário do PT somos nós mesmos, alguns companheiros que nos acusam injustamente, que querem colocar nas manchetes homens dignos, homens de fé, que tem uma folha de serviços prestados ao País. Esses bacanas que plantam dossiês sistemáticos em revistas e jornais nunca saíram de São Paulo", afirmou Delcídio. "Essa molecagem tem nome e sobrenome: chama-se Ildo Sauer. Eu espero que a lucidez do presidente Lula neutralize esse elemento absolutamente nocivo à vida da Petrobras e do governo", completou o líder petista.
Mais tarde, em entrevista, ele pediu claramente a demissão de Sauer. "Esse indivíduo tem de ter a dignidade de sair. O presidente Lula deve aproveitar a reforma ministerial para demiti-lo", afirmou.
Depois do desabafo feito na tribuna do plenário do Senado, Delcídio Amaral disse ainda que estava "pasmo" e que a motivação de Ildo Sauer para fazer essa denúncia era a "inveja". "Chama-se inveja esse tipo de plantação. É inveja porque talvez eu seja um neopetista", disse. E garantiu que não vai deixar o PT. Delcídio afirmou ainda que Ildo Sauer "tem apoios difusos" no PT, mas preferiu não mencionar nomes. "Não sei quem o indicou mas acredito que seja alguma liderança do PT", disse.
Políticos petistas informaram que Ildo Sauer, que é funcionário de carreira da Petrobras, seria uma indicação do secretário de Comunicação Estratégica, Luiz Gushiken. O presidente da Comissão de Serviços de Infra-Estrutura do Senado, Heráclito Fortes (PFL-PI), apresentou requerimento para que o presidente da Petrobras, José Eduardo Dutra, e Ildo Sauer sejam convidados para audiência pública e expliquem os supostos prejuízos que teriam sido causados por Delcídio Amaral, na época em que ele dirigia a estatal. O requerimento contou com o apoio do líder do PT.
Delcídio Amaral recebeu a solidariedade tanto de petistas quanto de senadores de oposição. "Vejo esse ataque como pleno exercício do fogo amigo; é o verdadeiro fogo amigo. V.Exa. não é merecedor desse ataque", disse o senador Tião Viana (PT-AC). "Quero apresentar o meu desagravo. V.Exa está sendo atingido por fogo amigo, por pessoas ligadas ao seu partido que desejam desestabilizá-lo com o objetivo de tirar a credibilidade do presidente da CPI dos Correios", argumentou o líder do PFL, senador José Agripino Maia (RN).
"A inveja machuca. Querem desestabilizá-lo para que V.Exa. fique com uma atuação dúbia na CPI", observou o senador Pedro Simon (PMDB-RS). "O jogo da plantação de notícia, o jogo da picuinha, da intriga, me deixa preocupado. Se este for um governo minimamente equilibrado e normal, ele deverá tomar enérgicas providências", disse o líder do PSDB, senador Arthur Virgílio (AM).
Em seu discurso na tribuna, Delcídio Amaral qualificou como "levianas" as acusações de que teria dado prejuízo de R$ 2 bilhões à estatal, quando fechou contratos com as termoelétricas Eletrobolt e Macaé Merchant, controladas pelas companhias americanas Enrone e El Paso. "Não se pode admitir esse tipo de posicionamento, essa leviandade que causa a mim indignação", sentenciou o líder do PT.
