Num cenário internacional ainda com muitas incertezas, o bom desempenho das contas externas deverá ser um aliado importante para o próximo governo recuperar a credibilidade do País. Se forem confirmadas as últimas projeções do Banco Central (BC), o saldo final em conta corrente – após contabilizadas exportações, importações, despesas com serviços e rendas e as transferências unilaterais deste ano – será um déficit de US$ 8,6 bilhões, quase metade dos US$ 16 bilhões em investimentos estrangeiros diretos estimados para ingressar no Brasil no mesmo período. Essa foi a quarta vez consecutiva que o BC reviu suas projeções para as contas externas em 2002 e 2003. A última previsão era de um déficit de US$ 11 bilhões.
O ajuste nas contas externas, que significa uma diminuição da dependência de recursos de outros países, deverá continuar no ano que vem, com um déficit projetado em US$ 8,2 bilhões. Essa melhora ocorre num momento em que há uma forte retração no crédito para o País. Em outubro, apesar de ser um mês de concentração de vencimentos de juros da dívida externa, o BC registou um déficit em conta corrente de apenas US$ 34 milhões, o melhor desempenho para o mês desde outubro de 1993. O valor surpreendeu até mesmo o governo, que esperava um déficit de US$ 900 milhões. No acumulado de 12 meses terminados em outubro, o déficit externo soma US$ 10,7 bilhões, equivalente a 2,31% do Produto Interno Bruto (PIB).