Com duas horas de atraso, o julgamento de Suzane von Richthofen e dos irmãos Daniel e Christian Cravinhos foi retomado hoje com a leitura dos laudos das necropsias do casal Manfred e Marísia von Richthofen. A defesa de Suzane, ré confessa da morte dos pais, junto com Daniel e Christian, disse que vai pedir a anulação do julgamento.
O argumento dos advogados da ré é o abraço dado por Astrogildo Cravinhos em seu filho Christian, quando este deu um novo depoimento ontem à noite. Christian, que havia negado ter participado da morte do casal, assumiu ontem sua culpa em um relato emocionado. Com o interrogatório ainda em andamento, Astrogildo foi até o filho e o envolveu em seus braços. Os dois choraram muito.
A defesa de Suzane não aceita que essa "cena" tenha acontecido em frente aos jurados. "Não é compreensível que o pai suba e o abrace enquanto o interrogatório não está terminado, em frente aos jurados", disse o advogado de Suzane, Mário Sérgio de Oliveira.
Nesta quinta, os réus acompanharam a leitura de cabeça baixa. Tanto o laudo de Marísia como o de Manfred apontam que as vítimas foram mortas por traumatismo craniano. Marísia, segundo o laudo, apresentava ferimentos na cabeça e na mão, agonizou e teve um período de sobrevida entre os golpes e a morte.
O julgamento continuou com a leitura das peças, que deve levar seis horas. O Ministério Público dispensou a leitura das peças e entregou partes do processo aos jurados, para eles lerem quando quiserem. Porém, a defesa de Suzane indicou cerca de 500 páginas do processo para serem lidas.
Veredicto
O promotor do caso Roberto Tardelli reiterou que acha pouco provável que o julgamento termine hoje. Tardelli confirmou que a estratégia da defesa de Suzane irá se estender ao máximo na leitura do processo para que os jurados ao final do julgamento não estejam ainda impactados pelo emocionado depoimento de Cristian Cravinhos, dado na noite de ontem, no qual ele culpa Suzane pelo planejamento do crime. "O júri é emoção, não tem a frieza do julgamento cível", explicou.
A acareação entre Suzane, Christian e Daniel Cravinhos foi descartada, já que, segundo Tardelli, não há mais contradições a serem esclarecidas. "Os depoimentos demonstraram que foi um crime de casal. O casal deliberou. E aí se agregou uma terceira pessoa".
Crime
Suzane, Daniel e Christian confessaram ter planejado e matado os pais dela, Marísia e Manfred von Richthofen, a golpes de barra de ferro, na casa em que a família vivia, em outubro de 2002.
Os três foram denunciados pelo Ministério Público por crime de duplo homicídio triplamente qualificado por motivo torpe, meio cruel e impossibilidade de defesa das vítimas.